Visita de Bento XVI é bem-vinda, diz embaixador israelita

O embaixador israelita em Portugal Ehud Gol, afirma uma “enorme satisfação” pela visita de Bento XVI ao Estado de Israel. É a terceira vez que um Papa visita Israel. A primeira visita aconteceu em 1964 com Paulo VI. João Paulo II deixou “boas memórias” em 2000. Israel e a Santa Sé estabeleceram relações diplomáticas há cerca de 15 anos. Ehud Gol afirma que a visita de João Paulo II foi “um passo determinante para o desenvolver relações diplomáticas”. O povo de Israel tinha um grande afecto pelo anterior Papa. “Respeitavam-no enquanto homem e enquanto chefe da Igreja Católica, pela sua posição e visão moral”. Em 2000 gerou-se um grande entusiasmo. “Acredito que o acolhimento, 9 anos depois, a outro Papa, será igual”, avança à Agência ECCLESIA. Ehud Gol destaca que a visita a Israel acontece “apenas quatro anos após a eleição de Bento XVI”, facto que deixa Israel “muito satisfeito”. O embaixador em Portugal acredita que esta visita deixará um “impacto muito positivo” em Israel. “A relação entre judeus e católicos irá progredir”, assim como o aumento “do turismo religioso” aos locais santos. A questão do Holocausto não será esquecida. “Bento XVI deixará uma mensagem forte”, afirma, recordando a visita ao memorial de Yad Vashem e o encontro do Papa com seis sobreviventes do Holocausto, agendado para o dia 11. “Vivemos num mundo cínico e cruel, com pessoas a negar a Shoah e mesmo assim a serem acolhidas em encontros internacionais”, aponta, recordando as declarações do presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad que, na Conferência de Durban, acusou Israel de ser um Estado racista, pela forma como trata os palestinianos. A visita do Papa “vai ajudar a explicar alguns mal-entendidos”. O Papa sublinhou a sua intenção de se deslocar à Terra Santa como “peregrino de paz”, apontando a dimensão espiritual nos objectivos da visita. No entanto, estão agendados encontros com autoridades civis. Ehud Gol indica que “política e religião nunca se poderão separar”. Tendo uma clara conotação religiosa, “carrega consigo insinuações políticas”. Sobre o acordo financeiro entre a Santa Sé e o Estado de Israel, o embaixador Ehud Gol afirma que foram alcançados progressos. No entanto, traça o cenário. “O Estado de Israel tem uma posição, a Igreja tem outra, há pessoas em Israel que são a favor de uma solução rápida, mas há outras que consideram que enquanto estado soberano, Israel deve defender os seus próprios interesses, apesar de estarmos receptivos e cooperantes”. Uma comissão bilateral permanente de trabalho entre o Estado de Israel e a Santa Sé quer alcançar um “Acordo Financeiro”. Este acordo aborda o estatuto jurídico e fiscal das propriedades eclesiásticas e das actividades comerciais das comunidades cristãs na Terra Santa. O Acordo Fundamental (Fudamental Agreement), estabelecido pela Santa Sé e o Estado de Israel a 30 de Dezembro de 1993, espera a conclusão destas negociações. O recente encontro entre as partes, no passado dia 30 de Abril, em Jerusalém, deu “passos significativos”, segundo nota da sala de imprensa do Vaticano, mas as negociações vão continuar no próximo dia 10 de Dezembro, no Vaticano. Durante cinco anos, Ehud Gol foi embaixador em Itália e, por isso, acompanhou de perto “grande parte da negociação”. O embaixador em Portugal afirma que este acordo financeiro “não se pode resolver de um dia para o outro, simplesmente para servir os objectivos de um ou de outro”. É preciso “maior entendimento, colaboração e abertura de ambos os lados”. No entanto afirma acreditar num crescente “abertura mútua”, apesar de não ser simples, “pois carregamos o peso da história e a memória de períodos difíceis na relação entre cristãos e judeus”. “Paciência é a palavra chave”, resume, reconhecendo que a visita de Bento XVI poderá ser vista como um avanço nas negociações. O Embaixador em Portugal afirma que quando as pessoas se encontram “é sempre positivo”. “O diálogo é um elemento importantíssimo especialmente entre pessoas de diferentes religiões”. Com o peso das relações entre cristãos e judeus durante tantas gerações “é importante mostrar abertura para sentar e conversar”.

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