Terra Santa: Bento XVI nos passos de Jesus

Destino da próxima viagem do Papa inclui alguns dos locais mais significativos para centenas de milhões de cristãos em todo o mundo Bento XVI visita a Terra Santa, de 8 a 15 de Maio, num percurso que inclui a Jordânia, Israel e os Territórios Palestinianos. Esta será a 12ª viagem internacional do actual Papa, eleito em Abril de 2005. Bento XVI irá tornar-se, assim, no terceiro Papa dos tempos modernos a visitar a Terra Santa, depois de Paulo VI (1964) e João Paulo II (2000). A Agência ECCLESIA apresenta alguns dos espaços mais importantes para o Cristianismo que Bento XVI irá visitar nesta viagem. Jerusalém Falar de 4000 mil anos de história em poucas páginas não é tarefa fácil, sobretudo, porque o passado de Jerusalém é caracterizado por numerosos, mutáveis e complicados acontecimentos históricos. Esta cidade, situada no topo dos montes da Judeia, está relacionada com a sacralidade da humanidade. Para os Muçulmanos ela é Santa, El Kuds. Os Hebreus consideram-na a capital desde o tempo do Rei David, é a cidade da Paz. Os cristãos associam-na à Paixão e Crucificação de Jesus. A região de Jerusalém, segundo o primeiro livro da Bíblia, Génesis, tinha, no momento do encontro de Abraão e de Melquisedec, o nome de Shalem, que quer dizer “paz” (Gn 14, 18). Parece uma contradição, mas se olharmos para a história esta cidade teve poucos períodos de paz: foi invadida e saqueada por egípcios, babilónios, gregos, romanos, persas e turcos. Apesar destas dificuldades sobreviveu e continua a ser o berço dos Cristãos, Judeus e Muçulmanos. Nos tempos bíblicos, os Judeus cumpriam o preceito de fazerem oferendas no Templo em três dias festivos, tendo sido a Peregrinação da Páscoa que levou Jesus até à cidade. Segundo a tradição, a viagem nocturna de Maomé até ao céu, onde foi receber o Corão, começou no Monte do Templo. Assim, as três religiões monoteístas entrelaçam-se no próprio tecido de Jerusalém, adorando e fazendo cada uma peregrinações aos seus lugares santos: os Judeus ao Muro das Lamentações do Monte do Templo e aos antiquíssimos tesouros do Bairro Judeu; os Muçulmanos às soberbas mesquitas no pico do Monte Moriah e os cristãos de todos os quadrantes às inúmeras igrejas construídas sobre o chão pisado por Jesus. Esta cidade foi conquistada por David aos Jebuseus. Mas foi o seu filho, Salomão, que teve a honra de ser o realizador do projecto digno da sua realeza: o primeiro templo. Mais tarde foi destruído por Nabucodonosor e reconstruído por Esdras e Neemias. Herodes reconstruiu o Templo, de novo destruído pelos Romanos, no ano 70 A. C., por Tito. O Ministério de Jesus, em Jerusalém, caracteriza-se pelos milagres de Betesda e Betânia; o antagonismo e os discursos contra os fariseus; a entrada triunfal em Jerusalém, no Domingo antes da Páscoa; a Última Ceia, a condenação à morte, o caminho para o Calvário, o enterro e Ressurreição. Reconstruída pelos romanos com o nome de Aelia Capitolina depois da revolta de Bar Koibá, foi conquistada pelos muçulmanos em 632, os quais ergueram uma mesquita no lugar do Templo (Mesquita de Omar – Cúpula da Rocha). Foi conquistada pelos cruzados em 1099 e reconquistada por Saladino em 1187. A energia de Jerusalém vem da interacção do antigo com o moderno, do sagrado com o profano, do material com o espiritual, na qual a emoção do presente tem sabor a muitos séculos de história. Os diferentes níveis e aspectos da lendária cidade satisfazem todas as esperanças e promessas para quem procura a Jerusalém do Espírito. Este local tornou-se o cruzamento de toda a história da salvação e consequentemente o alvo de todos os conflitos. Dezassete vezes destruída, mas dezoito vezes construída, não será Jerusalém a figura do amor que permanece e que nada pode aniquilar? Santo sepulcro Na liturgia judaica, a Páscoa era essencialmente um memorial. O recordar da libertação da escravidão do Egipto (Ex. 12, 14). Tem como data o novilúnio da Primavera, ou seja o 14 de Nisan, e prolonga-se por toda a semana. Talvez originada de duas festas antiquíssimas: uma de origem rural, com a oferta dos primeiros frutos da terra (o pão ázimo); outra de origem nómada, em que se sacrificava o cordeiro, como primícias dos rebanhos. Na Páscoa, o povo Judeu celebrava, de modo exultante, a libertação do Egipto, fazendo do Êxodo uma nova criação de Deus, e por isso conferindo à festa um carácter messiânico. Recordando o Êxodo numa perspectiva messiânica, a Páscoa como que interpela o povo para a libertação escatológica, a qual acontecerá no reino de Deus. Podemos dizer que toda a simbologia da liturgia pascal que se celebrava no Templo encontrará a sua plena realização na nova Páscoa, a Páscoa de Jesus Cristo, tal como no-la apresenta a carta aos Hebreus e muitos dos padres da Igreja. A própria vida de Jesus, especialmente a sua paixão e morte, pode ser interpretada à luz duma grelha de leitura que tem, como núcleo constituinte, a liturgia pascal judaica. Este é Jesus, Rei dos Judeus Quando chegaram a um lugar chamado Gólgota, isto é, lugar de caveira, deram-lhe a beber vinho misturado com fel. Jesus ao provar o líquido não o quis beber. Depois de o terem crucificado, repartiram entre si as suas vestes. Por cima da sua cabeça colocaram um escrito, que indicava a causa da sua condenação: “Este é Jesus, Rei dos Judeus”. Os que passavam por ali injuriavam-nO: “Tu que destruías o templo e em três dias o reedificavas, salva-Te a Ti mesmo; se és Filho de Deus, desce da cruz”. Foram momentos de sofrimento, tanto em palavras como em actos, que o Filho de Deus passou no Golgotá. Mas hoje, passados 2000 anos, o Santo Sepulcro é o lugar mais sagrado de Jerusalém, aquele que concentra as emoções mais secretas do peregrino. Na época de Jesus, este local deveria estar além muralhas da cidade, e num sítio mais alto, porque todos deveriam ver os condenados a penas capitais. Chamava-se Gólgota, deriva do aramaico gulgoleth, que significa lugar do crânio, um pouco pela forma arredondada que é semelhante a um crânio e um pouco pela lenda que afirma: “Adão foi ali sepultado”. A 15 de Julho de 1099, os cruzados conquistaram a cidade de Jerusalém e acharam a igreja, que tinha sido reconstruída pelo imperador Constantino Monomaco, bela, mas não suficientemente grandiosa para este acontecimento central do cristianismo. Os cruzados empenharam-se e realizaram obras de melhoramento e embelezamento e a nova igreja foi sagrada em 1149. Durante séculos a igreja sofreu poucas modificações até ao célebre incêndio de 1808. Nesta triste ocasião, o mundo ocidental estava mais preocupado com as batalhas napoleónicas e não prestou atenção aos pedidos de ajuda para a sua reconstrução. Os monacos gregos, rivais antigos dos latinos, aproveitaram-se da ocasião e obtiveram autorização para restaurar a igreja, ficando como árbitros da situação. Infelizmente não se tratou de um restauro, mas um apagar de tudo o que fizesse lembrar o mundo latino. Actualmente o Santo Sepulcro é subdividido entre seis comunidades religiosas: católica, grego-ortodoxa, arménia, copta, síria e abissina. Gólgota No topo do Gólgota, ao qual se pode subir por meio duma escada, existem hoje duas capelas: uma católica e outra grego-ortodoxa. Na católica situam-se duas estações da Via-Sacra: “Jesus desnudado e Jesus crucificado”. Na capela grego-ortodoxa está a estação: “Jesus morto na cruz”. Na parte inferior do altar emerge o cume duma rocha: um sinal de prata indica o lugar onde, provavelmente, foi pregada a cruz. Entre as duas capelas encontramos o Stabat Mater em lembrança da agonia de Maria pela morte do seu filho. Pedra da unção Uma pedra de calcário, com tons rosados, representa para os latinos, o lugar onde, sobre o corpo de Jesus, depois de retirado da cruz, foi espalhada “uma composição de mirra e aloés”. Sepulcro de Jesus Uma construção no centro do Anástasis. Através do coro latino, chega-se à edícula, formada por dois ambientes: a capela do anjo e a câmara mortuária, uma pequeníssima câmara “ad arcololium”, que é também a última estação da via dolorosa. Uma laje de mármore branco com quase dois metros de comprimento fecha a rocha originária daquele túmulo. Sobre este estão penduradas 43 lâmpadas de prata: os gregos, latinos e arménios possuem treze cada e os coptas têm quatro. Katholikon É a parte principal da basílica, caracterizada pela pesada iconóstase que a divide em duas partes. A grande abóbada do omphalos que fica sobre o transepto e indica o ponto que muitos cristãos consideram “o umbigo do mundo”. Prisão de Jesus Este espaço é uma antiga cadeia anexa ao Foro da Aelia Capitolina. A tradição identificou este cárcere com o lugar onde Jesus passou a noite da prisão em Getsémani. Capela de Santa Helena Esta cripta, pertença da comunidade arménia, foi dedicada à mãe de Constantino a qual, através da força da fé, descobriu aqui o túmulo e a cruz de Cristo. Túmulo de José de Arimateia O único lugar do santo Sepulcro que pertence à comunidade abissínia. Convento dos jacobitas A igreja de S. Marcos, que faz parte do convento dos jacobitas, é da confissão sírio-ortodoxa. Igreja de S. Tiago o Maior A construção actual é uma alteração do edifício do século XI e é pertença da Igreja arménia-ortodoxa. O interior, ricamente adornado, conserva pedras relacionadas com os lugares bíblicos: Sinai, Tabor e Jordão. A última ceia A sudoeste da cidade velha, o Monte Sion concentra um dos monumentos mais importantes da fé cristã: desde os tempos mais antigos, dizem que aqui se realizou a Última Ceia, durante a qual foi instituída a Eucaristia. Foi neste mesmo lugar que, passadas sete semanas, o Espírito Santo se manifestou a Maria e aos Apóstolos durante o Pentecostes. No século XV, os maometanos conquistaram o Monte Sion e alteraram a Igreja, tornando-a uma mesquita. Durante muitos anos foi proibida a entrada neste lugar aos cristãos e aos hebreus. Segundo diz a tradição bíblica, nesta sala, situada perto da Igreja da Dormição, durante a Ceia Pascal, Jesus Cristo, instituiu a Eucaristia na presença dos apóstolos quando tomou o pão e, depois de pronunciar a bênção, partiu-o e deu-o aos Seus discípulos, dizendo: “Tomai e comei: Isto é o meu corpo. Tomou, em seguida, um cálice, deu graças e entregou-lho dizendo: Bebei dele todos. Porque este é o meu sangue, sangue da nova aliança, que vai ser derramado por muitos para remissão dos pecados” (Mt. 26, 28; Mc. 14, 22-24). No entanto, simultaneamente, Jesus Cristo instituiu também o Sacerdócio, pelo que o Evangelista S. Lucas, no passo paralelo referente à Eucaristia, ainda acrescentou: “Fazei isto em minha memória” (Lc. 22, 19). Pouco tempo depois, “quando chegou o dia de Pentecostes, encontravam-se todos reunidos no mesmo lugar. Subitamente ressoou, vindo do céu, um som comparável ao de forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram, então, aparecer umas línguas à maneira de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios de Espírito Santo” (Act. 2, 1-4). Devido a todos estes acontecimentos o local passou a ser venerado e julga-se que no segundo século da era cristã, existia ali uma capela que foi depois substituída por um novo templo, desaparecido mais tarde com a invasão dos persas em 614. Actualmente, na parte inferior do edifício venera-se o túmulo do Rei David e na parte superior, primeiro andar, está a Sala do Cenáculo. Belém: Cidade do Pão Na Judeia, a 10 quilómetros a sudeste de Jerusalém, fica situada a cidade de Belém. O seu nome aparece, desde muito cedo, nos relatos bíblicos, e a primeira citação refere-se à morte de Raquel, esposa de Jacob, na altura do parto de seu filho Benjamim. (Gen. 35, 19-20). Daí em diante, para os descendentes de Jacob, Raquel será a mãe por excelência, a que deu a sua vida para dar a vida. “Mãe de Israel”, tornou-se a que intercede pelos seus filhos, aquela a quem se interpela nos momentos graves. Assim grita Jeremias na altura da destruição de Jerusalém no ano 587 A. C.: “Ouvem-se gemidos – é Raquel que chora inconsolável os seus filhos porque eles já não existem” (Jr. 31, 15). Já no Novo Testamento, Mateus retoma estas palavras a respeito do massacre dos inocentes de Belém (Mt 2, 18). Belém, cujo nome significa “Casa do Pão”, foi também a cidade de David. Foi aí que ele nasceu e passou toda a sua infância, guardando os rebanhos do pai nas colinas circundantes. É também em Belém que ele recebe a unção real das mãos do profeta Samuel. (1 Sam 16, 13). Tornando-se mais tarde rei de todo o Israel, David instalará a sua capital em Jerusalém, muito perto da sua aldeia natal. Cerca de mil anos depois, a Humanidade viu nascer o Messias em Belém. Antes do Nascimento de Jesus saiu um decreto de César Augusto que obrigava as pessoas a recensearem-se. Para tal, José, que era natural de Belém, foi, juntamente com Maria, sua esposa, à sua terra natal. Este acontecimento no Império Romano fará com Jesus nasça não em Nazaré, mas em Belém, conforme profetizado. O Evangelho de Lucas diz-nos que Maria e José não tiveram lugar na hospedaria e se viram obrigados a procurar refúgio numa gruta transformada em estábulo. Foi neste local que Maria deu à luz a verdadeira Luz. No século IV, Helena, mãe do Imperador Constantino, mandou construir naquele local uma enorme basílica. Hoje, passados muitos séculos, deste templo resta apenas a estrutura essencial, isto é: as cinco naves divididas em quatro filas de onze colunas e uma pequena parte do antigo chão em mosaico, visível sob algumas tábuas de madeira. Porta da humildade Esta basílica tem uma particularidade: para impedir que os nossos antepassados turcos entrassem na Igreja a cavalo, as comunidades cristãs concordaram em reduzir a porta de entrada do templo. Apenas 1 metro e 20 centímetros de altura é denominada “Porta da Humildade”. Depois de nos inclinarmos para entrar no berço do cristianismo, podemos observar a elegância das colunas em calcário vermelho que seguram capiteis Coríntios, cujo topo tem frescos de santos com os nomes gravados em latim ou grego. Na nave central encontramos vestígios de mosaicos com fundo em ouro que datam de 1169 e que representam os antepassados de Jesus e os primeiros sete Concílios Ecuménicos. Destes últimos, fica inteiro somente o primeiro de Constantinopla e fragmentos dos mosaicos de Niceia, Éfeso e Calcedónia. Nunca o lugar do nascimento de uma criança conheceu tal destino: venerado por muitos, respeitado por todos. Nazaré Quando se viaja ao longo das montanhas da Galileia sente-se a paz pastoral das vilas e aldeias da região. O vale de Izreel, vasta porção da Baixa Galileia, assistiu a muitas batalhas desde os tempos antigos. Devido ao seu valor estratégico, Egipto, Mesopotâmia, Assíria e Roma lutaram pelo seu controle. Nos nossos tempos, a Galileia é um ponto inspirador para começar uma peregrinação aos lugares santos. Nazaré, a cidade cristã das igrejas, localizada no topo do monte, é o lugar tradicional da Anunciação, do poço de Maria e da Oficina de José. Esta cidade, que em árabe significa “a guardia”, deve a sua denominação à posição que ocupava nos tempos antigos: uma colina da qual se divisavam todas as planícies verdejantes à sua volta. Habitada pelo homem desde tempos muito remotos – como o demonstram os achados arqueológicos – esta localidade, que actualmente tem cerca de 60 mil habitantes e acolheu a infância de Jesus, nunca teve uma importância significativa a nível do desenvolvimento. Somente com a chegada dos cruzados, em 1099, Nazaré torna-se sede episcopal e centro administrativo da Galileia. Do século XIII ao XVII foi votada ao abandono, devido à destruição dos turcos. Com o regresso dos Franciscanos a zona teve um novo repovoamento e alguns núcleos de população cristã voltaram a este berço do cristianismo. Embora não seja mencionada no Antigo Testamento, os Evangelhos, designadamente os Sinópticos, referem-se-lhe diversas vezes: Mt. 4, 13; Mc. 1, 9; Lc. 1, 26. “De Nazaré pode sair coisa boa?” – exclama Natanael quando o seu amigo Filipe lhe declara ter encontrado o Messias anunciado pelos profetas na pessoa de Jesus de Nazaré. Para um contemporâneo de Jesus, é claro que nada de bom poderia sair daquela aldeola sem qualquer importância, sem história e sem futuro. Naquela altura, Nazaré não tinha mais de vinte casas, os seus habitantes eram camponeses humildes que viviam do cultivo da vinha, do trigo e oliveiras e que, semanalmente, iam ao mercado de Seforis vender os seus produtos. A aldeia estava afastada das grandes rotas comerciais. Os visitantes eram diminutos e tudo parecia indicar que Nazaré não teria qualquer papel relevante na História dos homens e da Revelação. Perante estes dados, compreende-se melhor a reacção de Natanael, Escribas, Fariseus e dos meios religiosos de Jerusalém acerca de Jesus de Nazaré que “pretende” ser o Messias. Contudo o que é relevante neste caso é o facto de, com o anúncio do Anjo S. Gabriel, o curso da história dos homens ter sofrido alterações: Deus ofereceu lhes o Seu Filho. Actualmente a maior igreja da cidade é a Basílica da Anunciação, construída sobre a gruta legendária onde Maria recebeu a novidade que mudou o rumo da história. Trata-se do quinto edifício construído neste lugar sagrado. O primeiro, que segundo a tradição foi mandado construir por Helena, mãe de Constantino, data de 356. Sucessivamente outras igrejas foram construídas pelos Bizantinos, Cruzados e Franciscanos, cujo santuário foi destruído em 1955 para deixar lugar à actual Basílica terminada em 1969. No centro da nave principal abre-se a entrada à cripta onde fica a “Gruta de Nossa Senhora”, no interior da qual uma coluna com a inscrição “Avé Maria” indica o lugar onde apareceu o Anjo S. Gabriel.

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