Viseu quer conhecer a sua realidade social e religiosa

Diocese promove «estudo de representações mentais sobre a Igreja e sobre os seus actores», para definir linhas de acção A Diocese de Viseu vai desenvolver um estudo para conhecer a sua realidade social e religiosa. Um acto de “coragem”, assume Carlos Liz, especialista em estudos de mercado e de opinião e responsável pelo estudo em Viseu, mas também uma “iniciativa saudável”, uma vez que este trabalho oferece um “olhar interior da Igreja a partir do exterior”. Será um olhar exterior muito “diversificado”. O projecto é abrangente e propõe-se compreender a relação da Igreja e dos seus agentes com a comunidade católica praticante, mas também com os que se estão a afastar e ainda com quem nunca esteve perto. Carlos Liz aponta haver uma vontade efectiva de compreender e partir para a realidade com olhar disponível e aberto “sem ter a certeza que sabem tudo”. O estudo vai abrir-se às percepções que, considera o especialista, são fundamentais para tomar decisões. Carlos Liz indica que se houvesse um conhecimento sobre o que as pessoas pensam e sentem “já teria havido mudanças na forma de comunicar”. Por isso, o especialista afirma acreditar que “não se sabe o suficiente e por isso não se comunica tão bem”. Neste sentido, são evidentes as lacunas na partilha do plano pastoral. “Os vários segmentos da população desconhecem o esforço de aproximação que a diocese faz”. O especialista indica, no entanto, que são muitas as possibilidades de quebra numa suposta “ineficácia comunicacional”. O estudo aposta, por isso, na abrangência para “perceber a complexidade dentro de um todo e não isolando algumas partes que podem ser mais fáceis de interpretar”. O diagnóstico pode indicar respostas diversas – sérias dificuldades de linguagem, abordagem de assuntos que não estão em agenda dos cidadãos, aposta em meios comunicacionais demasiado tradicionais e por isso desvalorizados, entre outros. Numa primeira fase o estudo vai elaborar entrevistas individuais e em «focus group». “As dinâmicas de grupo favorecem uma maior participação oferecendo muitas vezes um olhar sobre questões menos conscientes”. “Queremos aferir o que está, de forma espontânea, na cabeça e no coração das pessoas a quem a diocese se quer dirigir”. Carlos Liz explica que grupos católicos, grupos de pessoas católicas mais afastadas, “incidindo também sobre os mecanismos de afastamento da prática religiosa”, pessoas activas na sociedade civil sem qualquer relação à Igreja serão alvo de inquéritos. Será um estudo de representações mentais sobre a Igreja e sobre os seus actores, onde a imagem do clero será também avaliada. Podendo ser arriscado, Carlos Liz adianta que o estudo pode “apresentar conclusões polémicas, mas essa é uma das mais-valias, pois não pode ser repositório do que já é conhecido”. Será um trabalho seguro, com segurança e sem atropelos. A equipa irá, “regularmente”, apresentar as etapas percorridas com vista a “afinar o que queremos saber, orientando o trabalho”. O estudo vai ainda “lançar pistas de comunicação às pessoas e ver como elas reagem”. Carlos Liz assume que “queremos dar «inputs» valiosos para que a diocese pense”. Apostada numa evangelização de proximidade, a diocese de Viseu pretende “encontrar aliados, fora dos grupos tradicionais, para a sua missão evangelizadora”. Carlos Liz refuta que o problema esteja na mensagem. “É lata, bem estruturada, rica e humana. Se despidos de preconceitos, e cada vez mais expressão da evangelização de proximidade, a mensagem é boa. No entanto indica que, com uma mensagem tão ampla, “podem existir desajustamentos de agenda, pois podemos estar a investir em temas que não estão na primeira linha dos cidadãos. E essa sim, é matéria de reflexão”. O estudo foi sugerido na reunião do Conselho Presbiteral da diocese de Viseu, pela Irmã Alice e pelo Frei Eliseu, responsáveis da CIRP.

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