A sentença que condenou o jovem turco, de 16 anos, por ter assassinado o sacerdote Andrea Santoro em Trabzon, deixa abertas muitas questões. Enquanto a mãe do jovem o defende, dizendo que ele “cometeu um acto em nome de Alá”, o vigário apostólico de Anatólia, D. Luigi Padovese, teme pela iminente visita do Papa à Turquia. “É terrível que durante todo o processo, nem o jovem, nem a mãe tenham demonstrado algum arrependimento pelo assassinato. Quase chegaram a expressar o desejo de repeti-lo. Se a imprensa mantém esta atitude de defesa do gesto poderá haver dificuldades”, sobretudo por parte dos grupos islâmicos nacionalistas. No passado dia 10, a justiça de Trabzon condenou o jovem assassino a 18 anos e dez meses de prisão. Dada a sua idade, o jovem passará sete ou oito anos na cadeia. O governo turco queria concluir rapidamente o caso, que de certa forma complica as relações com a Europa. Muitos questionam com perplexidade a rapidez do processo, que não considerou alguns elementos importantes. Durante todo o processo a mãe sempre defendeu o filho assassino, sem nenhuma demonstração de arrependimento. Disse que o gesto do filho “é um dom para o estado e para a nação”, que seu filho condenado “é uma vítima para Alá”, tendo mesmo comparado o filho com Ali Agca, que atentou contra a vida de João Paulo II. Para D. Luigi Padovese “o ambiente em que nasceu o assassino do Padre Santoro é uma matriz nacionalista de tipo islâmico. Este ambiente causa medo porque expressa a alma de uma parte da Turquia que vai se revoltando cada vez mais e justificando toda violência”. O Papa Bento XVI virá à Turquia no fim de Novembro. “Espero que isto não se repercuta sobre a visita do Santo Padre à Turquia”. “A condenação do jovem assassino poderá ter alguma influência sobre a viagem do Papa se a imprensa mantiver a atitude de defesa do gesto e de acusação contra a Igreja: padre Andrea Santoro é acusado – falsamente – de proselitismo, de ter comprado conversões e conduzido à fé cristã jovens muçulmanos. Se a imprensa continuar a bater nesta tecla, poderemos ter dificuldade, não tanto da parte do governo, mas dos grupos nacionalistas islâmicos”concluiu o vigário apostólico de Anatólia.