Vida Consagrada: «Todos os dias lutamos pela vida» – Irmã Laura Neves

Religiosa Hospitaleira do Sagrado Coração de Jesus recorda dias «vividos em liturgia» entre doentes das casas de saúde, em tempo de pandemia

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Lisboa, 05 fev 2021 (Ecclesia) – A irmã Laura Neves, religiosa Hospitaleira do Sagrado Coração de Jesus recordou hoje dias da Semana Santa e da Páscoa, de 2020, passados ao lado dos doentes nos centros de saúde da congregação, em tempo de Covid-19.

“Não deixei de viver a liturgia naqueles dias, aquela foi a minha liturgia na missão hospitaleira, junto dos doentes”, explica a religiosa à Agência ECCLESIA.

Os dias que antecederam a Páscoa de 2020 foram passados numa casa de saúde marcada pela infeção de Covid-19 entre utentes e trabalhadores o que obrigou a uma reorganização no trabalho para manter o acompanhamento e o cuidado aos doentes.

“Teve um significado intenso, nunca vivi uma Semana Santa como aquela. Acho que foi um privilégio grande ter vivido estes dias naquele ambiente, com aquelas pessoas concretas, através do meu serviço, do meu estar com os colaboradores e doentes. Foi a minha liturgia e foi fundamental”, recorda.

A irmã Laura Neves afirma que a pandemia está a desencadear uma reflexão sobre a vida e a morte, “duas dimensões que estão juntas e que todos os dias são um desafio”.

“Todos os dias lutamos pela vida, mas a morte também acontece. E o acompanhar este processo é fundamental, foi uma das coisas que marca quem está ali. Nos centros procuramos acompanhar bem as pessoas. Hoje é mais complicado, a proximidade não se consegue fazer bem como desejaríamos mas procura-se ter uma presença no acompanhamento espiritual dos doentes”, reconhece.

Chegada a uma casa de saúde para ajudar as equipas no cuidado com os doentes, a religiosa, sem conhecer os utentes nem a sua história, procurava acompanhar na hora da morte e nas orações.

“Eu sentia que era a presença da família que não podia estar. Alguns não puderam estar presentes, a outros facilitávamos para visitarem os familiares e foram momentos muito bonitos. Alguma pessoa que veio a faleceu, eu procurava acompanhar, não só no momento da morte mas no momento em que levam o corpo”, recorda.

Desses dias de serviço, a irmã Laura recorda ter aprendido muito com os profissionais de saúde, que lhe transmitiram “segurança” e muita “disponibilidade” para ajudar, mesmo estando em casa, de quarentena, “estavam sempre prontos para ajudar por telefone”.

“Eu não era nada diante dos profissionais que ali estavam. Tinham família, muitos deixaram crianças pequenas em casa ao cuidado de familiares. Duas enfermeiras deixaram a família e ficaram juntas para proteger as suas famílias. Além deste caso, havia mais. Para mim, o exemplo desses profissionais foi fantástico. Mas também como como religiosa foi muito importante a nossa presença. Depois dos dias de stress e insegurança antes dos resultados do teste, foram momentos de tensão e procurei levar algum equilíbrio e tranquilidade à equipa e depois, procurar estar ao lado e animar”, indica.

Na Semana do Consagrado conversámos com a irmã Laura Neves, religiosa Hospitaleira do Sagrado Coração de Jesus sobre o seu percurso vocacional, o trabalho com os doentes em saúde mental e sobre os desafios que a pandemia veio lançar à missão da congregação.

HM/LS

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