Vida Consagrada: Religiosos desafiados a nova presença e abordagem aos jovens

«Gramática da Proximidade» é objetivo de estudo de mercado da Conferência dos Institutos Religiosos

Fátima, Santarém, 26 jan 2016 (Ecclesia) – Os religiosos portugueses conheceram os resultados de um estudo feito a jovens adultos, o qual revela que entre “72 a 75% está disponível para ouvir”, tendo abertura para o religioso e espiritual.

A empresa Ipsos APEME realizou mensalmente 150 entrevistas online a jovens adultos portugueses dos 18 aos 34 anos – com diferenças 18-25; 25-34 -, nas regiões de Lisboa, Porto e resto do país, num total de 1763 jovens entre janeiro e dezembro de 2015.

Segundo Carlos Liz, especialista em estudos de mercados, uma das principais conclusões é a “extrema importância” da “força das personalidades” que são pessoas concretas que têm uma “história para contar”, algo que está “muito consubstanciado no Papa Francisco”.

Frei Fernando Cabecinhas, provincial dos frades Capuchinhos revelou que ouviu a exposição “comovido e inquieto” porque sente que deve “mudar um pouco” a partir própria realidade.

“Acho particularmente interessante olhar estas realidades não só como a vemos mas como as veem aqueles a quem Deus nos envia a anunciar a alegria do Evangelho”, observa.

Ver como podem chegar “mais aos seus corações e às suas vidas” estando “mais próximo das suas realidades concretas”, é agora o desafio, bem como “as causas assumidas, acentua-se muito as linguagens das novas tecnologias” e até refletir sobre os conventos”: “Onde os temos, onde os devíamos ter.”

Já a irmã Célia Faria, religiosa de Maria Imaculada, considerou os resultados do inquérito aos jovens adultos portugueses “importantes” porque “são muito interpeladores” e provocaram “várias reações” pelas “novidades” que descobriu.

“Provocou-me mais esperança ao ver que há um grande potencial que muitas vezes podemos estar a desvalorizar e a não dar importância. Ajuda sobretudo a conhecer mais estes jovens que estão à nossa volta, a repensar a nossa forma de falar, estar com eles e das nossas propostas”, acrescentou a religiosa.

Célia Faria confidencia ainda que “contar histórias não parece tão difícil” mas “muitas vezes” não as sabe aproveitar e analisa: “Na minha educação também este contar histórias foi-me apresentado mas não com esta força como agora. Quando tento transmitir conteúdos mais abstratos noto que os perco, começa a criar-se distância”.

O estudo divulgado esta segunda-feira em Fátima contemplou também quatro incursões etnográficas trimestrais com consagrados a contextos onde se encontram os jovens para observarem que carateriza a juventude.

Uma destas saídas foi a um bar no Cais do Sodré, em Lisboa, para conversar, tomar uma bebida e assistir a um concerto de “música alternativa” e, no fim, “mais uma conversinha”, com jovens adultos, “pessoas licenciadas, a trabalhar, com 30 e poucos anos”, que não sabiam que estavam na presença de duas freiras.

“Acabou por ser uma conversa interessante de amigos que se encontram à noite. Conversamos sobre expetativas das vidas deles, o que pensam da sociedade, da religião, que colocou-se mais para o fim da noite para não quebrar logo a conversa”, explica a irmã Mafalda Leitão, destacando as “expetativas interessantes e profundas de vida” dos três interlocutores.

A religiosa das Servas de Nossa Senhora de Fátima, que vive no Bairro Alto, revela que o encontro “ajudou a abrir um bocadinho o horizonte” para uma realidade que é familiar mas “sem conseguir dialogar”.

“Estavam desempregados ou contratos muito precários e à espera de algo importante das suas vidas e como é que lá chegamos, como posso dialogar mais e ajudou-me a quebrar um pouco o gelo de voltar ali”, acrescenta irmã Mafalda Leitão.

CB/OC

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