Vida Consagrada: Religiosa Scalabriniana vê canonização do fundador como «chamamento para a humanidade», perante dramas de migrantes e refugiados

Irmã Rosita Milesi, Missionária Scalabriniana há 58 anos e diretora do Instituto de Migrantes e Direitos Humanos no Brasil, fala em repetição do «cenário que motivou Scalabrini a ser o que ele foi»

DR

Lisboa, 07 out 2022 (Ecclesia) – A irmã Rosita Milesi, Missionária Scalabriniana há 58 anos e diretora do Instituto de Migrantes e Direitos Humanos no Brasil, disse à Agência ECCLESIA que a canonização de João Batista Scalabrini (1839-1905) é um “chamamento” perante os dramas de migrantes e refugiados. 

“A canonização de Scalabrini é também um chamamento, a nós e à humanidade, para que revitalizemos a nossa sensibilidade para, de forma amorosa e solidária, tratemos com compaixão os migrantes e refugiados”, indica a religiosa. 

A irmã Rosita Milesi considera que a humanidade vive atualmente, de novo, “o cenário que motivou Scalabrini a ser o que ele foi”.

“Tenho esperança que possa ser um chamamento a aprofundar o que ele tentou e fez na sua época para sensibilizar e envolver as forças na atenção aos migrantes e refugiados”, reforça. 

A religiosa considera que a canonização que vai ser um “momento de grande emoção” e de gratidão pela vida e obra do fundador.

“Vejo como um sinal de Deus para o momento que o mundo vive hoje, marcado pelos fluxos migratórios e de movimentação de refugiados”, admite.

Este é um momento que a entrevistada vai viver à distância, dado que não foi uma das religiosas sorteadas para marcar presença em Roma, na celebração a que o Papa vai presidir pelas 10h15 deste domingo (09h15 em Lisboa), na Praça de São Pedro.

Atualmente a irmã Rosita Milesi é diretora do Instituto de Migrantes e Direitos Humanos no Brasil, dedica o seu tempo “ao atendimento pessoal aos migrantes e refugiados” e assume que, com o tempo de pandemia e o uso dos meios digitais, “facilitou muito a vida dos migrantes que não precisam de se deslocar e contactam por telefone, whatsapp ou e-mail”.

“Além disso sou co-responsável noutras obras, como o centro de acolhimento, Bom Samaritano, onde recebemos famílias de migrantes, venezuelanos que é a grande migração atual para o Brasil”, explica. 

A missionária scalabriniana divide ainda o seu tempo por dar “apoio espiritual, procura de emprego a estas famílias” e acompanha comunidades venezuelana indígenas, que vivem numa zona rural. 

“São 125 indígenas, migrantes e refugiados que acompanhamos e tenho um compromisso muito especial também”, sublinha. 

Olhando a realidade do país a religiosa aponta a “falta de apoio do governo brasileiro no ensino público do idioma”, o que dificulta o acesso ao trabalho.

“Temos, segundo as estatísticas 30 milhões de pessoas no Brasil que passam fome, isso emociona-me, e os migrantes estão nessas pessoas, é uma grande preocupação”, revela.

Na entrevista, a irmã Rosita Milesi destacou sempre a “riqueza que os migrantes trazem como ponto fundamental” mas que a sociedade “demora a dar espaço para que se possam expressar”. 

“Trazem riqueza cultural que, somada à cultura local, forma um novo ambiente, uma nova perspetiva de vida, trabalhar o acolhimento positivo dos migrantes, a riqueza que as migrações provocam é fundamental e é um tema que precisa de entrar na educação e na vida da sociedade”, aponta.

A entrevista integra o programa de rádio ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública, do próximo sábado, ficando depois disponível online e em podcast. 

SN

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