Viana do Castelo: Roubo de relicário de Frei Bartolomeu dos Mártires é «atentado à sensibilidade» dos católicos

D. Anacleto Oliveira espera que canonização do arcebispo do século XVI aconteça em breve

Foto: Diocese de Viana do Castelo

Viana do Castelo, 12 jun 2019 (Ecclesia) – O bispo de Viana do Castelo, D. Anacleto Oliveira, considerou hoje que o roubo do relicário com os restos mortais do beato Bartolomeu dos Mártires é um “atentado à sensibilidade” dos católicos.

O furto do relicário, em metal dourado, aconteceu esta terça-feira, na Igreja de São Domingos.

D. Anacleto Oliveira sublinha à Agência ECCLESIA que os católicos do Alto Minho têm uma “veneração muito grande” pelo arcebispo português do século XVI.

O bispo da Diocese de Viana lamenta o sucedido e admite “interrogações em saber quem, o porquê e com que fim foi feito o roubo do relicário”.

“É mais uma ofensa à Igreja do que à figura de tão insigne” bispo, acrescentou.

Já o pároco da Igreja de São Domingos, padre Vasco Gonçalves, disse à Agência ECCLESIA que a Igreja “tem alarmes”, mas o “dourado do relicário deve ter encantado” quem cometeu o ato.

“Não é tanto o valor do relicário, mas o significado da relíquia (uma vertebra da coluna) para os cristãos”, acrescentou o pároco.

Segundo o sacerdote, a Polícia judiciária (PJ) já esteve na Igreja da cidade de Viana do Castelo, onde se verificou o furto das relíquias.

Em 2016, o Papa Francisco autorizou a ‘canonização equipolente’ de Frei Bartolomeu dos Mártires (1514-1590), sem necessidade de um novo milagre atribuído à intercessão do futuro santo português, antigo arcebispo de Braga e figura de referência do Concílio de Trento.

D. Anacleto Oliveira referiu ter indicações que a canonização “está para muito breve”.

Em Viana do Castelo, onde morreu, Bartolomeu dos Mártires ficou conhecido por ter mandado construir o Convento de Santa Cruz – depois designado de São Domingos, tal como a igreja contígua -, e, sobretudo, pela sua dedicação aos pobres.

O responsável católico foi apelidado pelo povo como o “arcebispo santo, pai dos pobres e dos enfermos” e insistiu, em vida, na deposição dos seus restos mortais no Convento de São Domingos que ele próprio mandou construir e onde se recolheu até à sua morte.

Frei Bartolomeu, nascido em Lisboa, em 1514, foi responsável por territórios que hoje integram as dioceses de Braga, Viana do Castelo, Bragança-Miranda e Vila Real; foi declarado venerável a 23 de março de 1845, pelo Papa Gregório XVI, e beatificado a 4 de novembro de 2001, pelo Papa João Paulo II.

PR/LFS/OC

 

A ‘canonização equipolente’, a que o Papa Francisco tem recorrido em diversas ocasiões, é um processo instituído no século XVIII por Bento XIV, através do qual o Papa “vincula a Igreja como um todo para que observe a veneração de um Servo de Deus ainda não canonizado pela inserção de sua festividade no calendário litúrgico da Igreja universal, com Missa e Ofício Divino”.

Dois desses processos levaram à canonização de figuras ligadas à missionação portuguesa: o padre José Vaz, nascido em Goa, então território português, a 21 de abril de 1651, que foi declarado santo no Sri Lanka; e José de Anchieta (1534-1597), religioso espanhol que passou por Portugal e se empenhou na evangelização do Brasil.

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