Viana do Castelo: Diocese realizou «festa de música eletrónica, com mensagem cristã», celebrando passagem dos símbolos da JMJ

«Um momento que nunca esperava viver» – Guilherme Peixoto, sacerdote e  DJ

Póvoa de Varzim, 11 jan 2023 (Ecclesia) – O padre Guilherme Peixoto, sacerdote e DJ, toca “um techno mais melódico” e preparou um “set de música eletrónica 100% de inspiração cristã” na peregrinação dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) na Diocese de Viana do Castelo.

“A beleza do evento foi a comunhão que se criou entre aqueles que fazem parte de grupos de jovens organizados, aqueles que vieram pela música, e criou-se um espírito muito agradável de festa, de harmonia, de paz entre todos em que nada disso tirou dignidade aos símbolos. Pelo contrário, provaram que é possível que os jovens estejam alegres, felizes, que se divirtam, os que andam pela Igreja e os que não andam e criou-se um espírito de comunhão muito especial”, disse o padre Guilherme Peixoto à Agência ECCLESIA.

A Diocese de Viana do Castelo recebeu os dois símbolos da JMJ a 29 de dezembro do último ano e, no dia seguinte, depois de uma vigília de oração, realizou-se “uma festa de música eletrónica com mensagem cristã”, no Largo das Neves.

O padre Guilherme Peixoto explica que preparou “muitas músicas” para este evento às quais deu “uma roupagem mais eletrónica”, como músicas da Comunidade ecuménica de Taizé (França), a música sacra, e como estava em tempo de Natal ao ‘Glória in Excelsis Deo’, de Vivaldi, o ‘Hallelujah’ de Händel da obra “Messias”, a ‘Give peace a chance’, e a ‘Avé Maria’ que fez com o grupo Karetus.

Para esta atuação, também escolheu mensagens dos Papas, como “non abbiate paura! (Não tenhais medo!)” do primeiro discurso de São João Paulo II, que “foi um dos momentos altos”, do Papa Francisco selecionou uma passagem da JMJ do Rio de Janeiro e o pedido sejam “criativos e poetas” à JMJ Lisboa 2023, os discursos de Madre Teresa de Calcutá, sobre o aborto ao congresso norte-americano, e ‘I have a dream’ (Eu tenho um sonho) de Martin Luther King.

“O momento alto, que ninguém estava à espera, foi a mistura do hino da Jornada Mundial da Juventude (Lisboa 2023), com uma roupagem mais eletrónica, mas com o vídeo oficial da Jornada a passar durante o set”, salientou.

Segundo o entrevistado, “os jovens gostaram muito” desta nova versão da música ‘Há Pressa no Ar’, e a maneira como a “acolheram foi fantástica”, e revela, sobre “o segredo” de colocar uma música em registo eletrónico, “é muito importante respeitar a música e não a estragar”.

“Procurei respeitar o espírito da música e dar-lhe um bocadinho de mais energia, que a própria música já transmite festa e alegria”, acrescentou.

O sacerdote explica que, há três meses, quando o padre Domingos Meira, coordenador do Comité Organizador Diocesano (COD) de Viana do Castelo, o desafiou para tocar com a cruz e o ícone de Nossa Senhora Salus Populis Romani da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) ao seu lado, foi a primeira vez que pensou “em algo apenas com uma carga espiritual, com um respeito enorme por aquilo que os símbolos representam não apenas para os jovens, mas para a própria Igreja”.

“Foi um trabalho de criação de música propositadamente para este encontro, de modo que fosse possível fazer um alinhamento de inspiração cristã onde a temática da paz esteve sempre presente. Foi o primeiro set de música eletrónica que fiz 100% de inspiração cristã, quando isto começou nunca imaginava que fosse possível”, explicou, recordando o início deste projeto na Paróquia de Laúndos, com o ‘Ar de rock Laúndos’.

O DJ Guilherme Peixoto toca um tecno mais melódico, “e não há muita coisa para usar”, por isso, a solução foi “criar música”, um trabalho realizado “com vários amigos”.

Com uma equipa de nove pessoas, de diversas áreas como a fotografia, o vídeo, a criação dos conteúdos visuais, o padre Guilherme Peixoto destacou também, “a vantagem”, de terem trabalhado a parte visual “do início ao fim do set”, exemplificando que “sempre que o Papa falava o vídeo aparecia com a música”, ou a atenção às luzes, onde “o grande desafio foi que a estrela fosse a Cruz e o Ícone”.

Segundo o artista, a música mais melódica que toca proporciona “momentos de interioridade ao longo do set, do decorrer do espetáculo”, e, tal como “uma liturgia na Igreja para tocar quem está na igreja tem de ser bela e estar em harmonia”, a música eletrónica também “precisa de toda esta beleza, da luz, do ecrã, do som, tudo em harmonia”, as pessoas “podem dançar mas receberam várias mensagens e todos saíram de coração cheio”.

Depois do padre Guilherme, a festa continuou com outro DJ e foi preciso tirar os dois símbolos “antes de terminar a atuação” mas “sem criar tempos mortos”, e, segundo o sacerdote, “a cruz saiu com muita dignidade”, numa organização do Secretariado da Pastoral Juvenil da Diocese de Viana do Castelo.

A Diocese de Viana do Castelo, que recebeu a cruz e o ícone de Nossa Senhora a 29 de dezembro da Diocese das Forças Armadas e de Segurança, está em peregrinação com os dois símbolos JMJ até ao próximo dia 29.

Foto: Marta Santos Visuals

O padre Guilherme Peixoto nunca participou numa Jornada Mundial da Juventude, está a “fazer caminho com alguns jovens” das suas paróquias para a edição internacional de Lisboa, e também nunca tinha estado com os seus dois símbolos até 2022, quando teve essa oportunidade a triplicar, como “escuteiro, capelão militar, DJ”, e já se prepara para os receber como pároco, nas Paróquias de Amorim e Laúndos da Arquidiocese de Braga.

“Estar juntos dos símbolos, quando temos a noção da sua história, não deixa ninguém indiferente. Os símbolos tocam-nos, desafiam-nos: A cruz é tão simples e é tão bela, ao mesmo tempo, o ícone de Maria é de uma força e de uma espiritualidade fantástica.”

Foto: CMPV/José Carlos Marques

O entrevistado recorda que esteve pela primeira vez com a cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora Salus Populis Romani no 24.º ACANAC, o Acampamento Nacional do Escutismo Católico Português, no início de agosto, quando regressava do Festival Sudoeste, e, mais duas vezes em dezembro, na visita dos símbolos à Escola dos Serviços do Exército Português, na Póvoa de Varzim, e, depois em Viana do Castelo.

“Há uma responsabilidade enorme e uma pessoa arrepia-se quando está junto deles, sente toda esta carga que eles carregam, quantas mãos tocaram, quantos países já passaram, nas mais diversas situações”, acrescentou.

A capital portuguesa vai receber a próxima JMJ, de 1 a 6 de agosto, e o padre Guilherme Peixoto pretende participar, com os jovens das suas duas paróquias – Amorim e Laúndos – mas ainda não sabe durante quantos, porque, no primeiro fim de semana de agosto, realiza-se a “Romaria ao Santuário de Nossa Senhora da Saúde”, onde é pároco.

CB/OC

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