Escutismo: «Paus e cordas» unem-se ao mundo digital para dar vida ao Acampamento Nacional 2022 (c/fotos)

Maior atividade escutista em Portugal reúne mais de 18 500 participantes, numa «cidade de lona»

Idanha-a-Nova, 04 ago 2022 (Ecclesia) – O Campo Nacional de Atividades Escutistas (CNAE), em Idanha-a-Nova, acolhe até domingo o 24.º ACANAC, que reúne mais de 18 500 participantes, numa “cidade de lona” onde a tradição se une à modernidade.

“É importante trabalhar com paus e com cordas, para sair de casa e estar em contacto com a natureza, também é importante dominar a tecnologia”, algo que “o Escutismo tem de acompanhar, para permanecer relevante junto dos jovens”, diz à Agência ECCLESIA Ivo Faria, chefe nacional do CNE.

O Acampamento Nacional (ACANAC) 2022, maior atividade do escutismo em Portugal, acolhe participantes de todo o país e 650 escuteiros estrangeiros, vindos de 24 nações.

“O escutismo é uma fraternidade mundial”, destaca Ivo Faria.

O responsável evoca as celebrações dos 100 anos do Corpo Nacional de Escutas (CNE) – Escutismo Católico Português para sublinhar a importância da “memória” na projeção do futuro.

“Tentamos que os escuteiros sejam, cada vez mais, dotados de competências para poder enfrentar a vida, que acontece essencialmente fora do contexto escutista”, precisa.

Ivo Faria fala da passagem das “competências manuais” para a era digital, mantendo a preocupação com uma pedagogia de equipas que ensina a “assumir responsabilidades”.

“O sucesso é sermos capazes de aprender, também com os erros que vamos cometendo”, aponta.

O chefe nacional comentou ainda o reconhecimento entregue pelo presidente da República na abertura do ACANAC, esta segunda-feira, condecorando o CNE com o título de Membro Honorário da Ordem da Instrução Pública.

Para Ivo Faria, a decisão foi uma “surpresa” que destaca o trabalho de “Educação não-formal que o Escutismo promove”.

O Acampamento Nacional tem como tema “Construtores do Amanhã” e decorre numa “cidade de lona, construída e dinamizada maioritariamente por voluntários” – cerca de 3200, entre o staff do acampamento e o acompanhamento de crianças e adolescentes -, explica o CNE.

Os participantes ocupam 79 hectares de campo, com cerca de 900 chuveiros, dois supermercados, um hospital de campo, quatro enfermarias, uma creche e dois refeitórios.

A abertura do encontro ficou marcada pela passagem dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em peregrinação pelas dioceses portuguesas, que fizeram uma paragem especial no CNAE.

Para Ivo Faria, a presença da Cruz peregrina e do Ícone mariano procurou “sensibilizar os jovens” para estar na JMJ Lisboa 2023, “quer como participantes, quer como voluntários”.

“Queremos afirmar a nossa presença”, assume.

O padre Luís Marinho, assistente nacional do CNE, destaca a “interligação” entre a proposta escutista e o dinamismo da JMJ.

“O Escutismo é, na Igreja em Portugal, um dinamismo extremamente importante, presente em mais de mil comunidades locais”, refere à Agência ECCLESIA.

O sacerdote sublinha que a espiritualidade é “parte integrante” da proposta educativa e da “mística” da própria atividade.

D. Nuno Brás, bispo do Funchal, visitou os 200 escuteiros da Madeira, de vários agrupamentos do arquipélago, destacando a importância do Escutismo católico.

“O CNE é um movimento essencial para a vida da Igreja em Portugal, neste momento”, disse à Agência ECCLESIA.

O responsável católico destaca a possibilidade de “aprender a trabalhar em equipa” e de sobriedade, além do respeito pela natureza.

“A vida de campo ensina-nos muito isso: podemos ser muito felizes sem ter televisões, consolas, tantas coisas”, observa.

D. Manuel Linda, bispo do Porto, antigo escuteiro, quis levar ao CNAE uma “presença amiga” e agradecer aos dirigentes “o imenso trabalho que fazem para a formação humana e religiosa” de crianças, adolescentes e jovens em Portugal.

“A Diocese do Porto, sem o escutismo, não seria aquilo que é”, assume.

A comunicação do ACANAC é assegurada por uma equipa de 80 voluntários, nas redes sociais e canais digitais, incluindo uma emissão diária com as notícias da iniciativa, o “Acanews”.

Foto: Agência ECCLESIA/HM

As quatro secções em campo contam com uma aplicação informática que permite aceder ao programa, mapa e imaginário à distância de um clique.

Pela primeira vez, existem visitas guiadas a campo durante cerca de 1hora e 30 minutos, nomeadamente pais de escuteiros, ex-escuteiros, ONG e escuteiros que não se tenham inscrito.

HM/OC

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