Música: «Quero chegar aos jovens que estão fora da Igreja, os que vão aos festivais e ouvem música techno» – padre Guilherme Peixoto

Sacerdote e DJ esteve no Festival Sudoeste e prepara «noites de festa» em Laúndos

Foto: Ar de Rock Laúndos

Lisboa, 09 ago 2022 (Ecclesia) – O padre Guilherme, da Arquidiocese de Braga, esteve no Festival Sudoeste a animar o palco do campismo, perante 10 mil pessoas, numa “experiência de alegria”, para “chegar aos jovens que vão aos festivais” e levar uma “grande mensagem de paz”. 

“Surgiu o convite inesperado de ir ao festival Sudoeste, o campismo tinha cerca de 10 mil pessoas, uma massa humana fantástica, estavam ali todos para passarem um bom momento de alegria e de música; eu quero chegar aos jovens que estão fora da Igreja, os que vão aos festivais e ouvem música tecno”, disse hoje o sacerdote à Agência ECCLESIA.

O padre Guilherme entende que este tipo de “música é muito particular, não passa em qualquer rádio, é algo underground” e os jovens “gostam de ver um padre ali no meio, identificam-se”. 

“Senti um carinho enorme da parte da organização mas também do público e um grande respeito”, assume. 

Em conjunto com os “Karetus”, que tinham a curadoria do parque do campismo no festival, e o maestro do coro do Santuário de Fátima, Ricardo Luís Campos, o sacerdote construiu uma “Avé Maria, em música eletrónica, variante techno”, que encerrou a atuação no festival Sudoeste. 

“Quando peço para ligarem os telemóveis com a vela, através de um link, os jovens acabam por entrar no espírito e no meio de uma noite de alegria, e com uma mensagem direcionada à paz, acaba com toda a gente a rezar a Avé Maria e em festa”.  

Responsável por duas paróquias, Amorim e Laúndos, o padre Guilherme nem sempre tem tempo para organizar as atuações e, no caso do Festival Sudoeste, “a viagem da Póvoa do Varzim até à Zambujeira do Mar foi no banco de trás do carro, ao computador, a sonhar o que ia fazer”. 

“Vou partilhando sempre nas redes sociais estas peripécias e, quanto mais partilho mais a malta me pede, estão sempre à espera do que é que o padre vai ‘armar’ desta vez, o que tento transmitir é que estar em Igreja é algo que nos enche o coração”, partilha o entrevistado. 

Em 2019, “no convénio de música sacra em Roma”, em que o sacerdote participou, ouviu uma conferência sobre a “música eletrónica como oportunidade para a música sacra”.

“Aquilo inspirou-me e nasceu a ideia de fazer alguma coisa a este nível; o clique veio de um desafio de um amigo em comum com os Karetus, Francisco Luz, que nos juntou nesta aventura”, recorda.

O padre Guilherme reforça ainda que a “Igreja tem de sair da sacristia”.

“A Igreja  tem de sair da sacristia, tem de estar onde estão as pessoas, cada padre com seus carismas, eu faço a minha parte, lanço as sementes em cada noite e depois há que dar espaço ao Espírito Santo para fazer a parte d’Ele”, relata.

Nesta sexta-feira, reabre o espaço “Ar de Rock Laúndos”, o “mais típico espaço paroquial do mundo”, como diz o sacerdote, a brincar.

“Este espaço da Paróquia de Laúndos é feito de voluntários, onde as famílias são bem-vindas, abre às 21h30, e tem o objetivo de angariar as verbas para a construção da Sede do Agrupamento de Escuteiros da comunidade”, indica.

Segundo o pároco, as próximas três sextas-feiras de agosto são para “convívio e música” e a primeira sexta-feira de setembro, dia 2, será um momento alto. 

“Vamos ter Eucaristia às 20h00, seguida de procissão das velas, e depois terminamos na festa habitual de encerramento”, revela. 

SN

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