«Nunca deixei de estar dentro do hospital, nunca me foi vedado o acesso a doentes» – Padre Fábio Carvalho
Viana do Castelo, 05 fev 2021 (Ecclesia) – O capelão do Hospital de Santa Luzia, em Viana do Castelo, disse que o seu serviço “tem sempre a dimensão de proximidade” dos doentes, dos profissionais de saúde e das famílias e, na pandemia, “não tem sido diferente”.
“Nunca deixei de estar dentro do hospital, nunca me foi vedado o acesso a doentes, Covid ou não Covid. Tenho sido sempre muito bem acolhido em todos os serviços, sobretudo nos serviços com doentes Covid”, explicou padre Fábio Carvalho, em declarações à Agência ECCLESIA.
Capelão hospitalar desde 2017, no atual contexto, o sacerdote adianta que na “liberdade que o hospital dá”, e numa atitude de responsabilidade, tem estado junto dos doentes ao nível da celebração dos sacramentos, “quer da Confissão, quer da Unção”, e também “do atendimento espiritual, da escuta, do acompanhamento”.
Neste momento, o serviço de capelania reduz-se ao capelão que celebra “diariamente a Missa no hospital” e leva a comunhão aos doentes, para além do atendimento/acompanhamento, “intervenções muito mais cirúrgicas, pelas razões mais do que evidentes”; A colaboração dos cerca de 40 “ministros extraordinários da comunhão e visitadores” está suspensa desde março de 2020.
O capelão do Hospital de Santa Luzia destaca também que se o coronavírus Covid-19 “bloqueou o acesso às pessoas” incentivou “a abrir outros canais que ficarão para o futuro”, como o “sistema de vídeo” que vai criar “um canal interno para todas as enfermarias”.
“Consegui com a ajuda de um médico, estamos a preparar um sistema de vídeo para instalarmos na capela para transmissão da Missa. É opcional mas que haja a opção. É uma forma de poder chegar aos doentes, a todas a enfermarias do hospital e ser algo mais personalizado, o capelão pode falar diretamente”, realça.
O padre Fábio Carvalho recorda que numa fase inicial da pandemia, há quase um ano, foi procurado por vários profissionais de saúde que “precisavam era de conversar um bocado e trespassar o medo que estavam a sentir, as dúvidas”, e as imagens de Itália e de Espanha: “Todo aquele terror que também foi muito transmitido pelos media, provocou numa fase inicial uma certa angustia, preocupação: Como é que vai ser, os nossos filhos, os nossos pais em casa.”
Esta situação “provocou uma necessidade de tentar ajudar” e, o capelão com o então bispo de Viana do Castelo, D. Anacleto Oliveira, abriram “portas para que os profissionais de saúde pudessem pernoitar em estruturas da diocese”, como o Centro Pastoral Paulo VI, que tem cerca de 60 quartos, e que continua a receber profissionais da ‘linha da frente’.
O entrevistado, que é também o diretor do Secretariado Diocesano da Pastoral da Saúde de Viana do Castelo, afirma que a responsabilidade dos cristãos nesta pandemia “há de ser sempre à imagem do bom samaritano”.
“Não é sendo super-homens, nem supermulheres, mas assumindo a coragem moral de não voltar a cara aqueles que precisam da nossa presença. É ser Igreja samaritana e esse é o nosso papel sem querer protagonismos. Somos convidados a fazer o bem, bem feito. Sendo oportunos, não virando a cara às situações concretas, onde quer que estejamos, desenvolveu.
A Igreja Católica vai celebrar o Dia Mundial do Doente, a 11 de fevereiro, e o capelão hospitalar destaca da mensagem “«Um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos» (Mt 23,8)…”, do Papa Francisco, a ideia transversal ao pontificado de “uma fraternidade que deve ser renovada tendo em conta a verdade do ser humano”.
“Esta ideia da fraternidade tem que estar intrinsecamente ligada à ideia de verdade, não existe fraternidade se não houver verdade. Neste caso, a verdade é que todo o ser humano doente, vulnerável, em início de vida, em fim de vida, a meio da vida, possui uma dignidade intrínseca que faz dele destinatário de todo o nosso cuidado”, desenvolveu o padre Fábio Carvalho.
CB