Viana do Castelo confirma lugar da mulher na sociedade e Igreja

Terminou ontem, dia 12, a Semana de Estudos Teológicos em Viana do Castelo dedicada ao espaço da «A Mulher na Sociedade e na Igreja». Durante quatro dias conferencistas reflectiram sobre o papel, considerado essencial, da mulher nos espaços e dimensões religiosas. Às mulheres, foi deixado o desafio de “fazerem greve à missa” num Domingo para se ver como “a Igreja colapsaria” dado o seu maior número. O Pe. Arlindo Magalhães da Cunha, professor e pároco, denunciou o “défice” feminino que persiste na Igreja. Se do ponto de vista teórico “não existem problemas”, disse que a prática é completamente diferente e “não se percebe porque é que metade, certamente muito mais, não pode aceder à totalidade dos sacramentos”. Confessando não saber o que fazer, mas dando testemunho do que procura fazer na sua comunidade, Arlindo Magalhães da Cunha salientou a necessidade de defender e promover a igualdade em dignidade da mulher com o homem, para que “não haja na Igreja excepção e desapareça a discriminação negativa, porque havendo-a, deve ser positiva em favor da mulher”. Os ministérios “devem ser assumidos por mulheres” quando estas “são mais capazes que os homens”, muito em particular no âmbito da liturgia, que é um “mundo de emoções” e no Ocidente está transformado num ritualismo racional, apontou o sacerdote. Num desafio mais alargado a padres e bispos, o Pe. Arlindo Cunha Magalhães pediu para que sejam colocadas mulheres nos diferentes conselhos. “Não no Presbiteral, claro está”, disse, acrescentando “verão como as coisas serão diferentes”. O Pe. Arlindo Magalhães Cunha recordou que nos primeiros anos da Igreja, no florescimento das comunidades, “são muitas as notícias” de mulheres que assumiram ministérios eclesiais ordenados, particularmente as diaconisas e algumas, menos, presbíteras. O biblista João Alberto Correia partilhou a visão de Paulo sobre as mulheres, colocando-o como “um dos primeiros e maiores defensores das mulheres na Igreja”. A questão da visão de Paulo acerca da mulher, em particular, a partir de alguns dos seus textos, “muitas das vezes sem contexto para forçar o seu conteúdo”, “não é fácil e a exegese actual opta por deixar em aberto a interpretação”, referiu o professor de Bíblia. Contudo, foi peremptório em afirmar que “os textos da passividade e do silêncio das mulheres”, alusão à submissão aos maridos e a estarem caladas nas assembleias, “não são de Paulo”. Relativamente ao texto da “submissão” das mulheres aos maridos, o biblista salientou que o “modelo de ética familiar” proposto é fundamentado no “serviço” e não na subjugação, significado que não pode aparecer porque a tradução do original não o permite. João Alberto Correia concluiu que é necessário “não descontextualizar” as afirmações e que estas devem ter um enquadramento “histórico e literário”, para ultrapassar “preconceitos e mal entendidos” acerca do Apóstolo dos gentios. Redacção/Diário do Minho

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