Verão é tempo de Escutismo

Milhares de escuteiros reúnem-se em acampamentos regionais. Actividades são escola de companheirismo, entreajuda e oração

Das quase 70 mil crianças, jovens e adultos pertencentes ao Corpo Nacional de Escutas (CNE), mais de 10% estão ou estiveram nos acampamentos regionais agendados para este Verão. O primeiro, no início de Julho, realizou-se em Lamego. Actualmente decorrem encontros dos núcleos pertencentes às regiões dos Açores, Aveiro, Coimbra, Lisboa e Portalegre-Castelo Branco. Ao todo, são mais de 8500 escuteiros.

“Nos acampamentos há sempre coisas imprevistas; desenvolve-se um espírito de partilha e ajuda ao outro, que é importante na pedagogia escutista”, referiu o chefe nacional do CNE, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Ainda que por vezes esses gestos sejam inconscientes, Carlos Alberto Pereira tem a esperança de que os jovens se recordem dessas experiências de amizade e entreajuda, e as coloquem em prática ao longo das suas vidas.

“Aprender fazendo” é uma das dimensões que o CNE tenta transmitir aos seus membros. O programa dos acampamentos procura que esta vertente se manifeste na oração, na amizade e nos trabalhos práticos – desde a montagem das tendas e das infra-estruturas à alimentação, passando pela limpeza dos espaços e pela participação nas diversas actividades.

A presença de padres e equipas de leigos dedicadas ao aprofundamento da identidade católica traduz-se em momentos de oração e de reflexão, comunitários e pessoais.

“Não podemos deixar de educar para a vivência da fé”, afirma o chefe nacional do CNE, que dá como exemplo a «pista da reconciliação» aberta no acampamento regional de Coimbra. Os jovens sobem o trilho, acompanhados por textos de reflexão; chegando ao alto, podem solicitar o sacramento da reconciliação a um padre que os aguarda. Logo a seguir, descem num «slide» de 150 metros, “juntando a aventura da vida à aventura da espiritualidade”.

O Ano Paulino foi o tema que, em 2008/09, orientou as actividades do Escutismo Católico Português. A sua expressão, presente nestes acampamentos de Verão, concretizou-se através da reconciliação e do crescimento pessoal. No próximo ano, será destacada a figura de S. Nuno Álvares Pereira, reflectindo a dicotomia entre os valores do mundo e os do Reino de Deus. Dentro de dois anos, o programa do CNE será inspirado pela caridade e pelo serviço, concretizados no exemplo de Santa Madre Teresa de Calcutá.

 

Uma nave espacial no planeta Zezeruz

Em Ferreira do Zêzere, o 23.º acampamento da região de Lisboa reúne, entre 1 e 8 de Agosto, cerca de dois mil escuteiros, provenientes de todos os núcleos. O bivaque, situado numa zona de mato e pinhal, está dividido nas secções correspondentes à faixa etária dos participantes – dos mais novos aos mais velhos: Lobitos, Exploradores, Pioneiros e Caminheiros.

Ao aterrarem no planeta Zezeruz, os tripulantes da nave Allis Ubba vão descobrir as potencialidades dos seus sete territórios. É este o imaginário concebido para alimentar o tema do encontro – «Homens novos para uma nova humanidade».

Os dois primeiros dias foram ocupados com a montagem das tendas e do equipamento. Neste Domingo, o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, presidiu à missa.

Embora as quatro secções sejam independentes, alguns espaços são comuns, como é o caso da zona onde se realizam as actividades náuticas, no lago formado pela barragem de Castelo de Bode.

O programa desenrola-se dentro do campo e no exterior. Os Caminheiros, por exemplo, estão a fazer uma recolha das características da região em termos culturais e gastronómicos. O roteiro será posteriormente entregue às entidades civis. Outros jovens têm-se ocupado com a exploração do local, que pela primeira vez está a ser utilizado num evento desta dimensão.

Todas as secções são acompanhadas por pelo menos um padre. Os responsáveis pretendem que a espiritualidade cristã, alimentada por reflexões diárias, esteja presente durante todo o encontro.

Um dos objectivos principais do acampamento é contribuir para a assimilação de boas práticas. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o Chefe Regional de Lisboa espera que o entrosamento e a troca de experiências entre os “irmãos escutistas”, assim como a execução das diversas actividades, ajudem os jovens a estruturar a sua personalidade, o que se reflectirá nos seus agrupamentos de origem e na vida pessoal.

Embora se registe uma queda de cerca de 300 participantes em relação à última edição, realizada em 2004, José Carlos Oliveira está satisfeito com esta “importante” presença de jovens, que se situa dentro da média para este tipo de actividades.

A área onde decorre o acampamento foi cedida pela Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere ao Corpo Nacional de Escutas, por um período de 50 anos. O espaço foi atribuído aos escuteiros da região de Lisboa, que já construíram uma casa onde funciona a recepção, o posto médico e os balneários. A superfície disponível é actualmente de dez hectares, mas no futuro chegará aos vinte e cinco. Os responsáveis pretendem continuar a construção das infra-estruturas e criar condições para que a zona possa ser visitável por toda a população.

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