Veneza: Filme «Nostalgia» motiva debate sobre amizade social com D. José Tolentino Mendonça

«Não sabemos, a Europa não sabe, o que fazer com os idosos», afirmou prefeito do Dicastério para a Cultura e para a Educação

Cidade do Vaticano, 08 set 2023 (Ecclesia) – D. José Tolentino Mendonça participou numa conversa com o diretor do filme ‘Nostalgia’, em Veneza, e destacou a “intimidade entre o filho e a mãe”, num tempo em que “a Europa não sabe, o que fazer com os idosos”.

“Nostalgia quer dizer a dor do retorno à casa, redescobrir todos os laços profundos. Por exemplo, no filme, o laço materno. Mas depois também há dor”, disse o prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação (Santa Sé), esta quinta-feira, informa o portal de notícias ‘Vatican News’.

D. José Tolentino Mendonça contou que ficou muito impressionado com o filme ‘Nostalgia’, desde a primeira exibição, porque “o cinema faz acreditar na vida e na história daquela gente”.

Para o cardeal português, uma das coisas bonitas do filme italiano “é a intimidade entre o filho e a mãe”, que apenas a decisão de cuidar dos pais, “de cuidar daquela mãe idosa permite”.

“Isto é muito bonito, num tempo em que não sabemos, a Europa não sabe, o que fazer com os idosos. Em vez disso, o filme mostra com muita ternura, respeito, intimidade, o que pode ser o amor filial”, desenvolveu o prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação.

‘Nostalgia’, do cineasta Mario Martone, adaptado de um romance de Ermanno Rea, foi lançado em maio de 2022 e representou a Itália na categoria ‘Melhor Filme Internacional’ dos Óscares.

“Fascinava-me que esta história se passasse inteiramente num bairro, o Rione Sanità. É um jardim cheio também de ervas daninhas, e há uma razão para elas estarem ali: É preciso entender como cultivá-las, não arrancando todas. O protagonista regressa depois de 40 anos, a princípio quer fugir, aos poucos começa a entender que também existem flores e há quem esteja lutando para que elas cresçam”, explicou Mario Martone.

Foto Vatican News

A conversa entre o cardeal português e o realizador de cinema, no evento ‘Amizade Social: Encontrar-se no Jardim’, promovido pelo Dicastério para a Cultura e a Educação, em colaboração com a Fondazione Ente dello Spettacolo e a Benedicti Claustra Onlus, foi moderada pelo jornalista Aldo Cazzullo.

O cineasta Mario Martone recebeu também o Prémio Robert Bresson, da Entertainment Organization Foundation, com o patrocínio dos Dicastérios da Cultura e da Educação e para as Comunicações da Santa Sé.

O encontro sobre o tema da amizade social realizou-se no horto-jardim das mil cores e aromas, do Pavilhão da Santa Sé na 18ª Exposição Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza, na abadia beneditina de San Giorgio Maggiore.

Esta iniciativa começou com uma visita guiada ao Pavilhão da Igreja Católica, pelo curador Roberto Cremascoli, e à instalação ‘O Encontro’, do arquiteto português Álvaro Siza, no horto-jardim que foi projetado pelo coletivo italiano Studio Albori, informa o Vatican News.

O patriarca de Veneza, D. Francesco Moraglia, na sua saudação, assinalou que os filmes “devem ser capazes de fazer reconciliar” primeiro cada um, diante de uma realidade de correr “o risco de sofrer”: “É uma amizade que vai além do eu-tu e se torna um nós. É importante criar amizade onde há situações de desconforto e injustiça”.

CB/PR

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