Vaticano: «Que aqueles que detêm o poder de parar a guerra escutem o clamor da humanidade inteira por paz», afirmou o Papa

Francisco beijou uma bandeira da Ucrânia na Praça de São Pedro

Foto Vatican News; Papa Francisco, 27 abril, Praça de São Pedro

Cidade do Vaticano, 27 abr 2022 (Ecclesia) – O Papa Francisco afirmou hoje a importância do diálogo entre jovens e idosos para a paz e a fraternidade, na audiência geral de quarta-feira onde apelou ao fim da guerra e continuou o ciclo de catequese sobre a velhice.

“Caros peregrinos de língua portuguesa, peço-vos que persevereis na oração incessante pela paz”, disse Francisco na sua saudação, na Praça de São Pedro.

“Calem-se as armas, para que aqueles que detêm o poder de parar a guerra escutem o clamor da humanidade inteira por paz! Que Deus vos abençoe!”, acrescentou o Papa, que beijou uma bandeira da Ucrânia.

O tema da paz também esteve presente quando se dirigiu aos peregrinos franceses, com Francisco a destacar que neste momento difícil, “em que a humanidade anseia por paz e fraternidade”, “é urgente que a aliança entre os idosos e os jovens seja fecunda”.

“E leve cada um a ser testemunha e mediador das bênçãos de Deus entre os povos”, salientou.

Na catequese semanal, onde deu continuidade ao ciclo sobre a velhice, o Papa convidou os milhares de peregrinos reunidos no Vaticano a redescobrir o “pequeno livro” bíblico de Rute (Antigo Testamento) que “contém um valioso ensinamento sobre a aliança das gerações”.

“A juventude mostra-se capaz de dar novo entusiasmo à idade madura, quando a juventude dá novo entusiasmo aos idosos, a velhice mostra-se capaz de reabrir o futuro para a juventude ferida”, explicou.

“No início, a idosa Noemi, embora movida pelo afeto das noras, viúvas dos seus dois filhos, é pessimista quanto ao seu destino num povo que não é o seu. Ela encoraja afetuosamente as jovens viúvas a regressarem às suas famílias para reconstruírem a própria vida”, recordou Francisco, salientando que movida pela dedicação da Rute, Noemi “sairá do seu pessimismo e até tomará a iniciativa, abrindo um novo futuro” para a nora.

“Ela instrui e encoraja Rute, a viúva do seu filho, a conquistar-se um novo marido em Israel. Booz, o candidato, mostra a sua nobreza, defendendo Rute dos homens seus empregados. Infelizmente, este é um risco que também se verifica hoje”, acrescentou.

Neste contexto, o Papa salientou que vários “milagres” acompanham a conversão da idosa Noemi, que se converte ao “compromisso de se tornar disponível, com amor, para o futuro de uma geração ferida pela perda e em risco de abandono”.

Foto Vatican News; Papa Francisco, 27 abril, Praça de São Pedro

“As frentes de recomposição são as mesmas que, de acordo com as probabilidades desenhadas pelos preconceitos do senso comum, deveriam gerar fraturas insuperáveis. Em vez disso, a fé e o amor permitem que sejam superados: A sogra supera o ciúme do próprio filho amando o novo vínculo de Rute; as mulheres de Israel superam a desconfiança em relação ao estrangeiro; a vulnerabilidade da jovem sozinha, perante o poder do homem, reconcilia-se com uma relação cheia de amor e respeito”, desenvolveu.

Francisco alertou também para “os clichés” sobre os laços de parentesco criados pelo matrimónio, especialmente entre sogra e nora, salientando que apontam para outra perspetiva, mas, “a palavra de Deus torna-se preciosa”.

Francisco recordou também que há oito anos, a 27 de abril de 2014, era canonizado São João Paulo II, e pediu que, por sua intercessão, sejam “testemunhas fiéis de Cristo e de seu amor misericordioso no mundo, na família e no trabalho”, na intervenção aos peregrinos polacos.

Após a oração do Pai Nosso, no final da audiência, o Papa referiu-se ainda aos problemas físicos no joelho que o têm limitado e pediu “desculpa” por ficar sentado nos cumprimentos que se realizam após o encontro, explicando que o “joelho não termina de cicatrizar” e não pode “ficar de pé por muito tempo”.

CB/PR

 

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Agência ECCLESIA

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