Vaticano prossegue reflexão sobre os católicos na China

A comissão constituída por Bento XVI para estudar a vida da Igreja Católica na China vai reunir-se no Vaticano entre os dias 30 de Março e 1 de Abril. Constituída em 2007, integram esta comissão os superiores dos Dicastérios da Cúria Romana que estudam as relações com a China e alguns representantes do Episcopado chinês e de congregações religiosas. Um comunicado divulgado pela sala de Imprensa da Santa Sé, adianta que serão examinados alguns aspectos da vida da Igreja na China à luz da carta que Bento XVI enviou a todos os católicos chineses a 27 de Maio de 2007. A primeira reunião aconteceu em Março de 2008 e centrou-se na missiva do Papa. Durante os trabalhos foi analisado o acolhimento dado à carta tanto na China como a nível internacional e foi ainda realizada uma reflexão sob os princípios teológicos com o objectivo de perceber as perspectivas nascidas na comunidade católica na China, a partir da missiva. O Vaticano espera que a China respeite a liberdade de culto e de religião no país, cuja ausência afecta de forma especial os mais de 8 milhões de católicos que vivem a sua fé na clandestinidade. Para o restabelecimento de relações diplomáticas, a China exige que o Vaticano deixe de reconhecer Taiwan como país independente (obtendo aparentemente o consentimento do Vaticano, neste ponto) e que o Vaticano aceite também a nomeação dos bispos chineses por parte da Associação Patriótica Católica (APC), controlada pelo Estado. Nesta questão, contudo, a posição da Santa Sé tem-se mantido inalterável. Embora o Partido Comunista Chinês se declare oficialmente ateu, a Constituição chinesa permite a existência de cinco Igrejas oficiais (Associações Patrióticas), entre elas a Católica, que tem 5,2 milhões de fiéis. Segundo fontes do Vaticano, a Igreja Católica “clandestina”, ligada ao Papa e fora do controlo de Pequim, conta mais de 8 milhões de fiéis. A APC foi criada em 1957, para evitar “interferências estrangeiras”, em especial do Vaticano, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado. A partir da década de 80 do século passado, a APC passou a procurar a aprovação do Vaticano para os seus Bispos, em segredo. Hoje em dia, estima-se que cerca de 90% dos Bispos da APC sejam reconhecidos pelo Vaticano, fruto de um acordo de cavalheiros, que dava ao Papa a última palavra sobre qualquer candidato à ordenação episcopal e que foi quebrado de forma clara. Vários contactos informais têm sido desenvolvidos desde que Bento XVI sucedeu a João Paulo II, fazendo do estabelecimento de relações diplomáticas com a China uma das suas prioridades, algo que a APC vê como um perigo para a organização.

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