Vaticano: Papa visita países do Báltico em homenagem a quem foi perseguido por causa da sua fé

Arcebispos de Vilnius e Riga falam das suas expectativas, 25 anos depois da única viagem papal à região

Lisboa, 22 set 2018 (Ecclesia) – O Papa Francisco desloca-se entre sábado e terça-feira aos países bálticos, na sua primeira viagem à Lituânia, Letónia e Estónia, onde quer homenagear quem sofreu por causa da fé.

O programa inclui uma passagem pela antiga sede do KGB em Vilnius, o Museu da Ocupação e Lutas pela Liberdade na Lituânia, e uma oração pelas Vítimas do Gueto, um memorial do Holocausto.

Greg Burke, diretor da sala de imprensa da Santa Sé, apresentou em conferência de imprensa a agenda da visita, que acontece no 25.º aniversário da viagem de São João Paulo II aos Países Bálticos.

O porta-voz adiantou que Francisco vai passar este domingo pelas celas da antiga prisão do KGB, as salas de execuções e pelos espaços onde “muitas pessoas, incluindo sacerdotes e bispos, sofreram e foram torturados”, alguns dos quais com processos de beatificação em curso.

Os três países do Báltico estão a celebrar o centenário da sua independência.

Os católicos na Lituânia representam 80% da população; na Letónia há uma maioria luterana e os católicos são 20%; na Estónia, 75% das pessoas afirmam-se como não-crentes, tendo a comunidade católica cerca de 5 mil pessoas.

D. Gintaras Linas Grudas, arcebispo de Vilnius, considera que a visita do Papa Francisco pode ajudar a “recuperar das feridas” das experiências do século XX, durante a ocupação soviética.

25 anos depois da visita de João Paulo II, na saída do comunismo, o responsável sublinha que após o fim da “opressão”, hoje os desafios são diferentes.

“Estamos à espera do Papa Francisco, das suas palavras, para que aborde a nossa situação atual com esperança e visão, contagiando-nos com a sua alegria”, destacou o arcebispo de Vilnius, em declarações recolhidas pela Agência ECCLESIA.

Para o prelado, a Lituânia enfrenta hoje problemas como a “imigração, alcoolismo, suicídio, alta taxa de divórcio”, bem como a desigualdade social.

Já D. Zbignev Stankevics, arcebispo de Riga, assinala que 25 anos depois da viagem de João Paulo II, há desafios que continuam atuais, sobretudo a necessidade de “renascimento espiritual” do país.

O responsável mostra a sua alegria por receber um Papa que “fala a todos”, com uma mensagem universal.

“O Papa tem este dom de ler os sinais dos tempos, de identificar os principais problemas da sociedade contemporânea e as formas de os superar”, precisa o arcebispo de Riga.

A Letónia, acrescenta, pode receber desta viagem “um impulso espiritual”, num momento de forte imigração, em que muitas pessoas “estão desiludidas e partem”.

D. Zbignev Stankevics critica ainda as tentativas de imposição da “ideologia do género” por parte de estruturas internacionais.

O programa completo da viagem do Papa, com várias celebrações ecuménicas, encontra-se publicado na página oficial do Vaticano.

Em 66 meses de pontificado, o Papa fez 23 viagens internacionais, nas quais visitou 34 países: Brasil, Jordânia, Israel, Palestina, Coreia do Sul, Turquia, Sri Lanka, Filipinas, Equador, Bolívia, Paraguai, Cuba, Estados Unidos da América, Quénia, Uganda, República Centro-Africana, México, Arménia, Polónia, Geórgia, Azerbaijão, Suécia, Egito, Portugal, Colômbia, Mianmar,  Bangladesh, Chile, Peru e Irlanda, bem como as cidades de Estrasburgo (França), onde passou pelo Parlamento Europeu e o Conselho da Europa; Tirana (Albânia); Sarajevo (Bósnia-Herzegovina); e Lesbos (Grécia).

Francisco realizou ainda 22 viagens na Itália, incluindo a primeira visita do pontificado, a passagem pela ilha de Lampedusa.

OC

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