Mensagem para o Dia Mundial do Doente 2020 sublinha dimensão «sagrada» de cada pessoa e aponta «objeção de consciência» como recurso na defesa da vida
Cidade do Vaticano, 11 fev 2020 (Ecclesia) – O Papa reforça a sua oposição a projetos de legalização da eutanásia, na mensagem para Dia Mundial do Doente 2020, que a Igreja Católica celebra hoje.
Dirigindo-se aos profissionais de saúde, Francisco pede que a sua ação vise “constantemente a dignidade e a vida da pessoa, sem qualquer cedência a atos de natureza eutanásica, de suicídio assistido ou supressão da vida, nem sequer se for irreversível o estado da doença”.
O texto refere que, em certos casos, a objeção de consciência pode ser uma “opção necessária” para os católicos que trabalham neste campo.
“A vida há de ser acolhida, tutelada, respeitada e servida desde o seu início até à morte: exigem-no simultaneamente tanto a razão como a fé em Deus, autor da vida. Em certos casos, a objeção de consciência deverá tornar-se a vossa opção necessária, para permanecerdes coerentes com este ‘sim’ à vida e à pessoa”, sustenta o pontífice.
O Papa pede que no centro de qualquer intervenção esteja sempre o substantivo “pessoa” antes do adjetivo “doente”, com abertura à “dimensão transcendente”:
“Lembremo-nos de que a vida é sacra e pertence a Deus, sendo por conseguinte inviolável”, escreve.
No XXVIII Dia Mundial do Doente, que a Igreja Católica celebra anualmente na festa litúrgica de Nossa Senhora de Lurdes, Francisco quer recordar as pessoas que, em todo o mundo, estão “sem possibilidade de acesso aos cuidados médicos, porque vivem na pobreza”.
Dirijo-me às instituições sanitárias e aos governos de todos os países do mundo, pedindo-lhes que não sobreponham o aspeto económico ao da justiça social. Faço votos de que, conciliando os princípios de solidariedade e subsidiariedade, se coopere para que todos tenham acesso a cuidados médicos adequados para salvaguardar e restabelecer a saúde”.
O Papa deseja que a Igreja Católica esteja junto das “formas graves de sofrimento”, colmatando o que denomina como “carência de humanidade”, para que todas pessoas doentes possam encontrar ajuda.
“À Virgem Maria, Saúde dos Enfermos, confio todas as pessoas que carregam o fardo da doença, juntamente com os seus familiares, bem como todos os profissionais da saúde”, conclui.
À Virgem Maria, Saúde dos enfermos, confio todas as pessoas que carregam o fardo da doença, junto aos seus familiares e profissionais de saúde. A todos asseguro com afeto minha proximidade na oração. #DiaMundialEnfermo #NossaSenhoraDeLourdes
— Papa Francisco (@Pontifex_pt) February 11, 2020
A 16 e 17 de março, a Academia Pontifícia para a Vida (APV), organismo da Santa Sé, vai promover em Portugal umas Jornadas de Cuidados Paliativos, com o lançamento da versão portuguesa do ‘Livro Branco para a Promoção e Disseminação de Cuidados Paliativos no mundo’, preparado por um grupo internacional de especialistas.
O texto visa a promoção de uma “cultura paliativa”, para responder “às tentações da eutanásia e do suicídio assistido e, acima de tudo, desenvolver uma cultura de cuidado que permita oferecer uma companhia de amor até a morte”.
O Livro Branco pede avanços nos cuidados paliativos para ajudar “os mais de 25 milhões de pessoas que morrem em cada ano com graves problemas de saúde”, oferecendo um acompanhamento que englobe as dimensões física, emocional e espiritual.
A Comissão Nacional para a Pastoral da Saúde preparou, para o Dia Mundial do Doente, um conjunto de materiais de oração e divulgação “para uma sentida vivência junto de todos os que se encontram privados da sua saúde física ou mental”.
OC
https://agencia.ecclesia.pt/portal/evento/igreja-saude-academia-pontificia-para-a-vida-promove-jornadas-de-cuidados-paliativos-em-portugal/