Francisco presidiu à recitação do «Regina Coeli», alertando para a destruição provocada pelo «deus-dinheiro»
Cidade do Vaticano, 18 abr 2022 (Ecclesia) – O Papa reforçou hoje os seus apelos em favor da paz, afirmando a necessidade de “reconciliação” como forma de superar as guerras.
“Que ninguém seja abandonado, as querelas, as guerras, as discussões, deem lugar à compreensão, à reconciliação. Quero sublinhar esta palavra, sempre, reconciliação, porque o que Jesus fez no calvário e com a sua ressurreição é reconciliar-nos a todos com o Pai, com Deus e entre nós. Reconciliação”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, antes da recitação da oração pascal do ‘Regina Coeli’.
Perante centenas de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, na chamada “segunda-feira do Anjo”, Francisco rezou para que “a graça do Senhor Ressuscitado dê conforto e esperança a quantos vivem no sofrimento”.
“Deus venceu a batalha decisiva contra o espírito do mal. Deixemos que ele vença, renunciemos aos nossos planos humanos, convertamo-nos aos seus desígnios de paz e justiça”, declarou, um dia depois da sua mensagem pascal e da bênção ‘Urbi et Orbi’, em que evocou vários conflitos que atingem a humanidade.
A intervenção começou por recordar uma passagem do Evangelho sobre a ressurreição de Jesus, em que este anúncio é desmentido por testemunhos de “falsidade”, alimentados pelo “poder do dinheiro, aquele outro senhor que Jesus diz para nunca servir”.
“Aqui está a falsidade, a lógica da ocultação, que se opõe ao anúncio da verdade. É um lembrete para nós também: as falsidades – nas palavras e na vida – contaminam o anúncio, corrompem por dentro, levam de volta ao túmulo”, advertiu o Papa.
Diante do Senhor Ressuscitado está este outro ‘deus’, o deus-dinheiro, que suja tudo, destrói tudo, fecha as portas à salvação. E isto acontece em todo o lado, na vida diária, a tentação de adorar este deus-dinheiro”
Francisco pediu que todos assumam a “paixão pela verdade” e que, a partir da fé na ressurreição, superem os seus medos, como “testemunhas transparentes e luminosas da alegria do Evangelho, da verdade que liberta”.
“O Senhor sabe que os medos são nossos inimigos diários. Ele também sabe que nossos medos surgem do grande medo, o medo da morte, medo de desaparecer, de perder entes queridos, de ficar doente, de já não aguentar. Mas na Páscoa Jesus venceu a morte”, declarou.
O Papa falou da necessidade de “sair dos túmulos” dos próprios medos, no coração de cada um, para ir ao encontro dos outros.
“Este é o segredo: anunciar para vencer o medo”, acrescentou.
No final do encontro, Francisco agradeceu os votos pascais que recebeu nestes dias, pedindo que Deus recompense “cada um”.
“Estou especialmente grato pelas orações”, disse.
O Papa apontou depois para o encontro desta tarde (17h00 em Lisboa), na Praça de São Pedro, com mais de 50 mil adolescentes das dioceses italianas, que considerou como “um belo sinal de esperança”.
“Desejo a todos que vivam estes dias pascais na paz e na alegria que veem de Cristo Ressuscitado”, concluiu.
OC