Vaticano: Papa recorda viagem a Timor-Leste e elogia papel da Igreja na reconciliação do país

Francisco contesta pensamento «demasiado eurocêntrico», após maior viagem internacional do pontificado

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 18 set 2024 (Ecclesia) – O Papa recordou hoje, no Vaticano, a sua passagem por Díli, de 9 a 11 de setembro, elogiando o da Igreja na reconciliação do país e o “sorriso” da população.

“Em Timor-Leste, a Igreja é um instrumento de paz e de reconciliação, chamada a promover a relação entre fé e cultura. É um povo jovem que, embora provado pelo sofrimento, nunca deixa de sorrir. Foi bonito ver o sorriso das crianças”, disse, na audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro.

O encontro evocou a visita apostólica à Indonésia, Papua Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura, que decorreu de 2 a 13 de setembro, representando a maior viagem internacional do atual pontificado.

“Uma primeira reflexão que surge naturalmente, depois desta viagem, é que, ao pensarmos na Igreja, ainda somos demasiado eurocêntricos ou, como se diz, ocidentais. Mas, na realidade, a Igreja é muito maior, muito maior do que Roma e a Europa, muito maior e – permitam-me que diga – muito mais viva, nesses países”, indicou Francisco.

O Papa sublinhou que, em Timor-Leste, a Igreja “partilhou o processo de independência com todo o povo, orientando-o sempre para a paz e a reconciliação”.

“Acima de tudo, impressionou-me a beleza daquele povo: um povo experimentado, mas alegre, um povo sábio no sofrimento. Um povo que não só gera muitos filhos, como os ensina a sorrir. Esta é uma garantia do futuro. Em suma, em Timor-Leste vi a juventude da Igreja: famílias, crianças, jovens, muitos seminaristas e aspirantes à vida consagrada. Respirei um ar de primavera”, referiu, a respeito de uma viagem acompanhada por centenas de milhares de pessoas.

O Papa começou por falar da passagem pela Indonésia, onde se encontrou com responsáveis da comunidade islâmica, afirmando que “a fraternidade é o futuro, é a resposta à anticivilização, às tramas diabólicas do ódio e da guerra, também do sectarismo”.

Sobre a Papua-Nova Guiné, Francisco disse que encontrou “a beleza de uma Igreja missionária em saída”, projetando “um futuro novo, sem violências tribais, sem dependências, sem colonialismos económicos ou ideológicos”.

A última etapa desta 45ª viagem apostólica foi Singapura, “um país moderno e próspero onde os cristãos são uma minoria, mas onde são sal e luz, testemunhando que há muito mais esperança do que os benefícios económicos podem oferecer”.

No final do encontro, o Papa recordou as vítimas das “chuvas torrenciais” que atingiram a Europa central e oriental, nos últimos dias.

“A Áustria, a Roménia, a República Checa e a Polónia, em particular, têm de fazer face às trágicas perturbações causadas pelas inundações. Asseguro a todos a minha proximidade, rezando especialmente por aqueles que perderam a vida e pelas suas famílias”, disse, agradecendo a comunidades católicas e outras organizações de voluntariado pela ajuda e pelo socorro.

Francisco recordou ainda que, no próximo sábado, se celebra o Dia Mundial da Doença de Alzheimer.

“Rezemos para que a ciência médica possa em breve oferecer perspetivas de cura para esta doença e para que sejam tomadas medidas cada vez mais adequadas para apoiar os doentes e as suas famílias”, apelou.

OC

 

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