Vaticano: Papa questiona sociedade que descarta pessoas e desperdiça toneladas de alimentos

«Compaixão é a melhor vacina contra a epidemia da indiferença», defende Francisco

Cidade do Vaticano, 12 set 2020 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje à questionou hoje sociedade que descarta pessoas e desperdiça “toneladas de alimentos”, defendendo a necessidade de “compaixão” para enfrentar o contágio da “indiferença”.

“Quantas pessoas são rejeitadas sem compaixão: idosos, crianças, trabalhadores, pessoas com deficiência”, lamentou Francisco, num encontro com representantes das ‘Comunidades Laudato Si’, no Vaticano.

A intervenção considerou “escandaloso” que, nos países industrializados, sejam desperdiçados mais de mil milhões de toneladas de alimentos comestíveis.

“Ajudemo-nos, juntos, na luta contra o descarte e o desperdício, exijamos opções políticas que combinem progresso e equidade, desenvolvimento e sustentabilidade para todos, para que ninguém seja privado da terra em que vive, do ar bom que respira, da água que tem o direito de beber e dos alimentos que tem o direito de comer”, apelou.

Falando no auditório Paulo VI, Francisco defendeu a compaixão como “melhor vacina contra a epidemia da indiferença” na humanidade contemporânea.

“A compaixão não é um sentimento bonito, não é pietismo, é a criação de um novo vínculo com o outro. É tomar conta dele”, precisou.

O Papa desejo que existam cada vez mais “pessoas que não ficam na frente de uma ecrã, a comentar, mas sujam as mãos para remover a degradação e restaurar a dignidade”.

Ter compaixão é uma escolha: é escolher não ter inimigos para ver em cada um o meu próximo”.

Francisco apresentou o desafio de “construir a fraternidade universal” e sublinhou a ligação da saúde humana com o equilíbrio da natureza: “Pode dizer-se que não há ecologia sem equidade e não há equidade sem ecologia”.

“As alterações climáticas não perturbam apenas o equilíbrio da natureza, mas causam pobreza e fome, atingem as pessoas mais vulneráveis”, observou.

A intervenção apresentou “duas palavras-chave da ecologia integral”, segundo o Papa: “contemplação e compaixão”.

“A natureza que nos rodeia já não é admirada, mas devorada. Tornamo-nos vorazes, dependentes do lucro e dos resultados agora e a todo o custo”, advertiu.

Compromissos genéricos não são suficientes, palavras e palavras; não se pode olhar apenas para a concordância imediata de eleitores ou financiadores. Precisamos de visão de longo prazo, caso contrário, a história não nos vai perdoar”.

O Papa falou em pessoas “doentes de consumo”, destacando a importância de “encontrar o silêncio” e de se “libertar da prisão do telemóvel”.

“Estamos ansiosos com a último ‘app’, mas já não sabemos os nomes dos vizinhos, menos ainda se sabe distinguir uma árvore da outra”, observou.

As ‘Comunidades Laudato Si’ são movimento idealizado em Amatrice (Itália) por D.Domenico Pompili, bispo de Rieti, e Carlo Petrini, presidente da ‘Slow Food’, visando difundir a promoção de estilos de vida coerentes com o pensamento da “ecologia integral” proposta por Francisco.

OC

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Agência ECCLESIA

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