Vaticano: Papa quer bispos atentos às famílias e desempregados

Francisco inaugurou trabalhos da assembleia geral da Conferência Episcopal Italiana

Cidade do Vaticano, 19 mai 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse hoje aos membros da Conferência Episcopal Italiana (CEI) que os bispos devem estar próximos das dificuldades das famílias e dos desempregados.

“Entre os lugares em que a vossa presença me parece particularmente necessária e significativa – e a respeito da qual um excesso de prudência seria uma condenação à irrelevância – é a família”, declarou, na abertura da 66ª assembleia da CEI, no Vaticano.

Francisco sustentou que os responsáveis católicos devem propor à sociedade atual a “centralidade e beleza” da família.

“Hoje a comunidade doméstica é fortemente penalizada por uma cultura que privilegia os direitos individuais e transmite a lógica do provisório”, advertiu.

Neste contexto, o Papa pediu ainda uma atenção particular “sobre quem está ferido nos afetos e vê ficar comprometido o seu próprio projeto de vida”.

A intervenção falou numa “emergência histórica” que afeta desempregados e trabalhadores precários, que não sabem “como levar o pão para casa”, e “interpela à responsabilidade social de todos”

Francisco aludiu aos dramas dos imigrantes, à crise ecológica ou a “novas formas de marginalização e exclusão”.

“A necessidade de um novo humanismo é gritada por uma sociedade sem esperança, abalada nas suas certezas fundamentais, empobrecida por uma crise que, mais do que económica, é cultural, moral e espiritual”, observou.

No início de um discurso de mais de meia hora, o pontífice gracejou com recentes artigos de jornais italianos que davam conta de uma alegada divisão no seio da presidência da CEI.

“Na presidência, são todos homens do Papa, para usar esta linguagem política”, frisou, acrescentando que “a imprensa, às vezes, inventa muitas coisas”.

Francisco disse que, como bispo de Roma, espera dos membros do episcopado italiano que sejam “pastores de uma Igreja que é comunidade do ressuscitado”, insistindo na necessidade de uma relação pessoal entre cada bispo e Jesus Cristo.

O Papa defendeu um “forte e renovado espírito de unidade” na Igreja Católica na Itália, para evitar as tentações que “desfiguram” as comunidades cristãs, como “a coscuvilhice, as meias verdades que se transformam em mentiras, a ladainha das lamentações”, a inveja, os ciúmes ou a “ambição”.

“Nada justifica a divisão”, insistiu.

A intervenção destacou a necessidade de participação e colegialidade para promover o “diálogo”.

“É importante, numa assembleia, que cada um diga o que sente”, observou Francisco.

O Papa deixou votos de que os bispos assegurem aos padres “proximidade e compreensão” e aumentem espaços de participação aos leigos, em especial as mulheres e jovens.

OC

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