RD Congo/Sudão do Sul: Papa chegou a Kinshasa, primeira etapa da quinta viagem a África (c/fotos)

Francisco é recebido por multidão nas ruas, ao cumprir promessa de visitar países marcados por conflitos, exploração e deslocações internas

Cidade do Vaticano, 31 jan 2023 (Ecclesia) – O Papa iniciou hoje a sua quinta visita apostólica a África, para cumprir a promessa de visitar a República Democrática do Congo (RDC) e o Sudão do Sul, viagem adiada em julho de 2022, devido a problemas de saúde.

“Essas terras são provadas por longos conflitos: a República Democrática do Congo sofre, especialmente no Leste do país, pelos conflitos armados e pela exploração; enquanto o Sudão do Sul, dilacerado por anos de guerra, não vê a hora que acabem as contínuas violências que obrigam tantas pessoas a viver deslocadas e em condições de grande sofrimento”, disse Francisco, este domingo, numa mensagem às populações dos dois países, desde o Vaticano.

O voo da Ita Airways partiu às 08h29 (menos uma em Lisboa) do aeroporto de Fiumicino, tendo o Papa embarcado em cadeira de rodas, com a ajuda de um elevador especial.

Antes de deixar a Casa de Santa Marta, Francisco encontrou-se com uma dezena de migrantes e refugiados, provenientes da República Democrática do Congo e do Sudão do Sul, acolhidos pelo Centro Astalli, em Roma, e acompanhados pelo prefeito do Dicastério para o Serviço da Caridade, cardeal Konrad Krajewski.

Já ao chegar ao aeroporto de Fiumicino, o carro que transportava o Papa parou brevemente na proximidade do Monumento aos Caídos de Kindu, os 13 aviadores italianos mortos no Congo, a 11 de novembro de 1961.

“O Papa Francisco dedicou uma oração às vítimas daquele sangrento massacre e a todos aqueles que perderam a vida participando nas missões humanitárias e de paz”, informa o portal de notícias do Vaticano.

Na mensagem enviada ao presidente da República Italiana, ao deixar o país, Francisco disse que partia “movido pelo vivo desejo de encontrar os irmãos na fé e os habitantes” das duas nações africanas, “levando uma mensagem de paz e de reconciliação”.

A chegada a Kinshasa aconteceu às 14h33 locais (menos uma em Lisboa), onde o papa foi recebido pelo primeiro-ministro congolês, Sama Lukonde, seguindo-se os tradicionais encontros com as autoridades políticas e representantes da sociedade civil, no ‘Palácio da Nação’ (17h30 locais), após um percurso de 25 quilómetros, em automóvel.

Milhares de pessoas acompanharam, junto à estada, a passagem do papamóvel, num clima de festa.

O Papa referiu, este domingo, após a recitação do ângelus, que a viagem tem uma segunda etapa a partir de sexta-feira, no Sudão do Sul.

“Chegarei juntamente com o arcebispo de Cantuária [Justin Welby, Igreja Anglicana] e o moderador da Assembleia Geral da Igreja da Escócia [Iain Greenshields, Igreja Presbiteriana]: viveremos assim juntos, como irmãos, uma peregrinação ecuménica de paz”, indicou.

Na última semana, o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, disse em conferência de imprensa que a agenda inclui encontros com vítimas de violência e deslocados internos, em países marcados por confrontos, nos últimos anos.

Segundo o diretor da sala de imprensa da Santa Sé, apesar das medidas de segurança, não foi registada “nenhuma ameaça específica” relativamente a esta deslocação.

O programa nos dois países, onde os católicos representam cerca de 50% da população, prevê 12 discursos e homilias, em seis dias.

A 40ª viagem do pontificado vai fazer do Papa o primeiro a visitar o Sudão Sul, independente desde 2011, e o segundo a deslocar-se à República Democrática do Congo, onde São João Paulo II esteve por duas vezes (1980, 1985).

Francisco vai deslocar-se em carro aberto, durante os vários compromissos, encontrando-se com representantes de instituições políticas, igrejas sociedade civil.

O Vaticano destaca o encontro com vítimas do conflito na parte oriental da RD Congo e pessoas deslocadas internamente do Sudão do Sul.

Matteo Bruni aponta à Missa de 1 de fevereiro, no aeroporto Kinshasa-Ndolo, como um dos pontos altos da viagem, numa área que deve acolher cerca de um milhão e meio de pessoas.

O palco onde a celebração será realizada é o maior já construído na República Democrática do Congo, equipado com um elevador para facilitar as movimentações do Papa.

Francisco vai percorrer, no total, 12 mil quilómetros, com quase 17 horas de voo.

Esta será a quinta viagem do atual Papa ao continente africano, onde esteve em 2015, 2017 e 2019, por duas vezes, tendo passado, entre outros países, por Moçambique.

OC

Notícia atualizada às 14h15

O Papa fez, desde 2013, 39 viagens internacionais, nas quais visitou 58 países: Brasil, Jordânia, Israel, Palestina, Coreia do Sul, Turquia, Sri Lanka, Filipinas, Equador, Bolívia, Paraguai, Cuba, Estados Unidos da América, Quénia, Uganda, República Centro-Africana, México, Arménia, Polónia, Geórgia, Azerbaijão, Suécia, Egito, Portugal, Colômbia, Mianmar, Bangladesh, Chile, Perú, Bélgica, Irlanda, Lituânia, Estónia, Letónia, Panamá, Emirados Árabes Unidos, Marrocos, Bulgária, Macedónia do Norte, Roménia, Moçambique, Madagáscar, Maurícia, Tailândia, Japão, Iraque, Eslováquia, Chipre, Grécia (após ter estado anteriormente em Lesbos),  Malta, Canadá, Cazaquistão e Barém; Estrasburgo (França) – onde esteve no Parlamento Europeu e o Conselho da Europa -, Tirana (Albânia), Sarajevo (Bósnia-Herzegovina), Genebra (Suíça) e Budapeste (Hungria), para o encerramento do Congresso Eucarístico Internacional.

 

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