Francisco convocou ano especial para assinalar 150.º aniversário da declaração como padroeiro da Igreja universal
Cidade do Vaticano, 17 nov 2021 (Ecclesia) – O Papa iniciou hoje no Vaticano um ciclo de catequeses dedicado a São José, convidando a valorizar as “periferias” geográficas e existenciais na sociedade atual.
“José, que é um carpinteiro de Nazaré e que confia no plano de Deus para a sua jovem noiva e para si mesmo, recorda à Igreja que é preciso fixar o olhar naquilo que o mundo ignora deliberadamente”, sublinhou Francisco, na audiência pública semanal que decorreu no Auditório Paulo VI.
A intervenção desafiou os católicos a dar importância “ao que os outros descartam”, apresentando São José como “um mestre do essencial”.
“Peçamos-lhe que interceda para que toda a Igreja possa recuperar este discernimento, esta capacidade de discernir e avaliar o que é essencial. Comecemos de novo a partir de Belém, comecemos de novo a partir de Nazaré”, acrescentou o pontífice.
Francisco deixou uma mensagem a “todos os homens e mulheres que vivem nas periferias geográficas mais esquecidas do mundo ou que experimentam situações de marginalidade existencial”, desejando que possam encontrar em São José “a testemunha e o protetor para quem olhar.
“A sociedade daquela época não é muito diferente da nossa. Hoje também há um centro e uma periferia. E a Igreja sabe que é chamada a anunciar a Boa Nova a partir das periferias”, observou.
São José,
tu que sempre confiaste em Deus e fizeste as tuas escolhas, guiado pela sua providência, ensina-nos a não contar tanto com os nossos projetos, mas com o seu desígnio de amor. Tu, que vieste das periferias, ajuda-nos a converter o nosso olhar e a preferir o que o mundo descarta e marginaliza. Conforta quantos se sentem sozinhos e apoia quantos se comprometem em silêncio para defender a vida e a dignidade humana. Amen. (Oração proposta pelo Papa Francisco, 17.11.2021) |
A Igreja Católica vive até 8 de dezembro um ano especial dedicado a São José, por decisão do Papa, celebrando o 150.º aniversário da declaração como padroeiro da Igreja universal, por Pio IX.
“Nunca como hoje, neste tempo marcado por uma crise global com diferentes elementos, ele pode ser apoio, conforto e orientação para nós. Por isso decidi dedicar-lhe um ciclo de catequeses, que espero nos possa ajudar a deixar-nos iluminar pelo seu exemplo e pelo seu testemunho”, referiu Francisco.
A catequese apresentou “José de Nazaré”, da linhagem do Rei David, como “um homem cheio de fé em Deus, na sua providência”.
O Papa aludiu em particular à importância simbólica de Belém, onde Jesus nasceu, e de Nazaré, onde cresceu, “longe do barulho das notícias e do poder da época”.
“A escolha de Belém e Nazaré mostram que a periferia e a marginalidade são prediletas de Deus. Jesus não nasce em Jerusalém, com toda a corte, não, nasce numa periferia e fez a sua vida, até os 30 anos, nessa periferia, trabalhando como carpinteiro, como o seu pai”, indicou.
Não levar esta realidade a sério equivale a não levar a sério o Evangelho e a obra de Deus, que continua a manifestar-se nas periferias geográficas e existenciais. O Senhor age sempre de forma escondida”.
No final da audiência, o Papa deixou uma saudação aos peregrinos de língua portuguesa.
“Convido-vos a pedir a intercessão de São José para que possa crescer a nossa confiança nos desígnios amorosos da Divina Providência e amemos mais aqueles que o mundo descarta e abandona às margens. Deus vos abençoe”, disse.
Francisco deixou ainda uma palavra de apoio aos trabalhadores de Borgo Valbelluna, no nordeste da Itália, e a todos os que vivem preocupados com o seu “horizonte laboral”.
“No centro de qualquer questão laboral deve estar sempre a pessoa e a sua dignidade. Quando não se ganha o pão, perde-se a dignidade”, declarou.
OC