Vaticano: Papa evoca «dramas diários» da guerra na Ucrânia

Francisco apela à solidariedade com as vítimas de conflitos, da pobreza e desastres naturais

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 19 fev 2023 (Ecclesia) – O Papa evocou hoje no Vaticano o sofrimento da população ucraniana, afetada pela guerra há quase um ano, apelando à solidariedade com as vítimas de conflitos, da pobreza e desastres naturais.

“Penso nos dramas diários do querido povo ucraniano e de tantos povos que sofrem por causa da guerra, da pobreza, da falta de liberdade e das devastações ambientais, tantos povos”, referiu, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação dominical do ângelus.

Francisco começou por evocar especialmente a Síria e a Turquia, com uma palavra de proximidade para “as muitíssimas vítimas do terramoto” de 6 de fevereiro, que provocou mais de 44 mil mortes, milhares de feridos e desalojados, além de elevados danos materiais.

“O amor de Jesus pede que nos deixemos tocar pela situação de quem vive provações”, assinalou o Papa, falando a milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, incluindo um grupo português de Vila Pouca de Aguiar.

A intervenção deixou ainda uma mensagem para a população da Nova Zelândia, afetada por um “devastador” ciclone.

“Irmãos e irmãs, não nos esqueçamos de quem sofre e façamos que a nossa caridade seja atenta, que seja uma caridade concreta”, pediu Francisco.

Numa entrevista divulgada este sábado, o Papa manifestava a sua preocupação com a guerra na Ucrânia, iniciada a 24 de fevereiro de 2022, após a invasão russa.

“Muitas crianças vieram para aqui, muitas da Ucrânia, não riem… São amáveis, sim, mas não, não riem, perderam isso. Fui visitar as crianças que estavam no Bambino Gesù (Hospital da Santa Sé em Roma), ucranianas, feridas, ninguém (tinha) um sorriso”, disse, numa conversa com o padre Davide Banzato, emitida no programa “I Viaggi del cuore”, no Canal 5 da televisão italiana.

Para Francisco, este é um tempo de “desolação humana”, mostrando-se particularmente impressionado com as pessoas “torturadas antes da morte”, na guerra.

“As fotos são terríveis”, observou.

Foto: Vatican Media

O Papa fala numa “tragédia”, apontando o dedo a quem fabrica e vende armas, bem como à indiferença da maior parte das pessoas, perante estes conflitos.

“Quantos choram – não digo fisicamente, mas no coração – pelas crianças órfãs na Ucrânia? Quantos sofrem por isso? Quantos sofrem pelos meninos de rua que roubam, porque estão sozinhos na vida?”, perguntou.

Francisco admite preocupação com a humanidade, afetada pela pandemia e por uma guerra “feroz”, que provocou “uma crise económica e financeira”.

“Hoje, principalmente em toda a Europa, há pessoas que não sabem como pagar a eletricidade, por exemplo. Têm de economizar muito”, assinala.

OC

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