Vaticano: Papa escreveu carta ao clero de Roma, alertando contra «clericalismo»

Francisco diz que ninguém se deve sentir «superior» aos outros, na Igreja

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 07 ago 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco enviou hoje uma carta ao clero de Roma, a diocese de que é bispo, alertando contra o “clericalismo” e a tentação de se sentir “superior” aos outros.

“Do fundo do coração, sinto vontade de dizer que me preocupa quando voltamos a cair nas formas do clericalismo; quando, talvez sem nos apercebermos, damos às pessoas a impressão de que somos superiores, privilegiados, colocados ‘no topo’ e, portanto, separados do resto do povo santo de Deus”, escreve Francisco, num texto assinado em Lisboa, este sábado, durante o contexto da JMJ 2023.

Retomando uma preocupação do seu pontificado, iniciado há uma década, o Papa deste clericalismo como uma “doença” da Igreja, que pode afetar também “os leigos e os agentes pastorais”.

“Quando é assim, deixamo-nos absorver pelo clima de crítica e raiva que reina à nossa volta, em vez de sermos aqueles que, com simplicidade e mansidão evangélica, com bondade e respeito, ajudam os nossos irmãos e irmãs a sair da areias movediças da intolerância”, adverte.

Francisco começa por saudar o trabalho de todos os sacerdotes, num serviço que nem sempre é “reconhecido”, numa carta com sete páginas, em tom coloquial.

“Sinto que caminho com vocês e gostaria que sentissem que estou próximo de todos, nas alegrias e sofrimentos, projetos e esforços, amarguras e consolações pastorais”, indica.

O Papa deixa outro alerta, sobre a “mundanidade espiritual”, que pode levar os padres a seguir as “modas do mundo”.

“Isso acontece quando nos deixamos fascinar pelas seduções do efémero, pela mediocridade e pela rotina, pelas tentações do poder e da influência social. E, ainda, da vanglória e do narcisismo, da intransigência doutrinal e do esteticismo litúrgico”, escreve.

Francisco explica que a mensagem nasceu diante da imagem da Virgem Salus Populi Romani, na basílica romana de Santa Maria Maior, onde esteve antes da viagem e a Portugal e onde voltou hoje para agradecer pela visita ao país.

“Rezei por vocês. Pedi a Nossa Senhora que os guardasse e protegesse, que enxugasse as lágrimas secretas, que reavivasse a alegria do ministério e que os tornasse pastores apaixonados por Jesus, todos os dias, prontos a dar a vida sem medida por seu amo. Obrigado pelo que fazem e pelo que são. Abençoo-os e acompanho-os na oração. E, por favor, não se esqueça de orar por mim”, conclui.

OC

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