Vaticano: Papa escreve a cardeais e pede «esforço suplementar» na reforma económica

Francisco diz que todos devem dar exemplo na «redução de custos», para chegar a «défice zero»

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 20 set 2024 (Ecclesia) – O Papa dirigiu uma carta a todos os cardeais, divulgada hoje pelo Vaticano, pedindo um “esforço suplementar” na reforma económica da Santa Sé, particularmente na “redução de custos”.

“É necessário um esforço suplementar de todos para que o ‘défice zero’ não seja apenas um objetivo teórico, mas um objetivo efetivamente realizável. A reforma lançou as bases para a implementação de políticas éticas para melhorar o desempenho económico dos bens existentes”, escreve Francisco, a respeito do trabalho realizado ao longo da última década.

Em fevereiro de 2014, o Papa criou a Secretaria para a Economia como uma estrutura de coordenação para as estruturas e as atividades administrativas e financeiras dos Dicastérios da Cúria Romana, das instituições ligadas à Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano.

Francisco sublinha que a necessidade de que “cada instituição se esforce por encontrar recursos externos para a sua missão, dando um exemplo de gestão transparente e responsável ao serviço da Igreja”.

“No que diz respeito à redução de custos, é necessário dar um exemplo concreto para que o nosso serviço seja realizado num espírito de essencialidade, evitando o supérfluo e selecionando bem as nossas prioridades, favorecendo a colaboração mútua e as sinergias”, realça a carta.

Devemos estar conscientes de que hoje nos encontramos perante decisões estratégicas a tomar com grande responsabilidade, porque somos chamados a garantir o futuro da missão”.

O Papa recorda o trabalho de reforma da Cúria Romana, destacando que, “apesar das dificuldades e, por vezes, da tentação do imobilismo e da rigidez perante a mudança, muito foi realizado nestes anos”.

Relativamente à reforma económica da Santa Sé., Francisco sublinhou que os alertas de vários membros do Colégio Cardinalício levaram a “uma maior consciência de que os recursos económicos ao serviço da missão são limitados e devem ser geridos com rigor e seriedade”.

“Peço-vos que acolham esta mensagem com coragem e espírito de serviço, e que apoiem as reformas em curso com convicção, lealdade e generosidade, contribuindo com os vossos conhecimentos e experiência para o processo de reforma”, apela Francisco.

O Colégio Cardinalício tem 236 membros (123 eleitores, 113 cardeais com mais de 80 anos), incluindo os portugueses D. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa; D. António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima; D. José Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação; e D. Américo Aguiar, bispo de Setúbal, todos criados pelo Papa Francisco.

Aos quatro eleitores num eventual conclave somam-se D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor emérito, criado cardeal por Bento XVI; e D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, criado cardeal por São João Paulo II, ambos com mais de 80 anos.

A nova constituição da Cúria Romana, publicada a 19 de março de 2022, determina que a Secretaria para a Economia “desempenha a função de Secretaria papal para as matérias económicas e financeiras”.

O organismo “exerce o controlo e vigilância em matéria administrativa, económica e financeira sobre as Instituições curiais, os Departamentos e as Instituições ligadas à Santa Sé ou que lhe fazem referência”.

Entre os outros organismos económicos da Cúria Romana estão o Conselho para a Economia, Administração do Património da Sé Apostólica (APSA), o Departamento do auditor geral, a Comissão de Matérias Reservadas e o Comité para os Investimentos.

OC

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Agência ECCLESIA

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