Vaticano: Papa destaca importância do testemunho intergeracional «da história de fé vivida»

Francisco incentiva ao «hábito de ouvir, a experiência vivida dos idosos», desde o início, nos itinerários catequéticos

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 23 mar 2022 (Ecclesia) – O Papa Francisco destacou hoje, no Vaticano, a importância das relações intergeracionais e de se ouvir a narração da fé dos mais velhos, que considerou “insubstituível”.

“A escuta pessoal e direta da história da história de fé vivida, com todos os seus altos e baixos, é insubstituível. Lê-la em livros, assisti-la em filmes, consultá-la na internet, por mais útil que seja, nunca mais será a mesma coisa”, disse na audiência pública semanal desta manhã, no Auditório Paulo VI.

Francisco observou que “seria bonito” se aos jovens hoje a narração da fé ainda se realizasse da boca dos anciãos, porque esta transmissão – “que é a verdadeira tradição! – faz muita falta”, e sempre mais, às novas gerações.

“Contar diretamente, de pessoa para pessoa, tem tons e formas de comunicação que nenhum outro meio pode substituir”, salientou.

Neste contexto, o Papa questionou se ainda hoje se é capaz de reconhecer esse dom que pode vir dos idosos ou se existe uma tentativa de prescindir, alertando que há quem gostaria de “abolir o ensino da história”, como uma informação supérflua sobre “mundos que não mais atuais, que tira recursos do conhecimento do presente”.

Francisco realçou também que, muitas vezes, “falta a paixão própria de uma ‘história vivida'” à transmissão da fé, e precisa da capacidade atrativa, sem deixar de “ser leal”.

As histórias de vida devem ser transformadas em testemunho, e o testemunho deve ser leal. A ideologia que curva a história a seus próprios padrões certamente não é correta; a propaganda, que adapta a história à promoção do próprio grupo, não é correta”.

O Papa assinalou que os Evangelhos narram a história de Jesus sem esconder os erros, as incompreensões e as traições dos discípulos, testemunho que os “anciãos” da Igreja transmitem, desde o início, passando-o “de mão em mão” à geração seguinte.

Foto: Vatican Media

Francisco também refletiu sobre esta transmissão na catequese, explicando que o catecismo da iniciação cristã se baseia na Palavra de Deus, informações sobre dogmas, sobre a moral da fé e sobre os sacramentos, mas, muitas vezes, falta um conhecimento da Igreja que nasce da escuta e do testemunho da história real da fé e da vida da comunidade eclesial, desde os primórdios até hoje.

“Seria belo se houvesse, desde o início, nos itinerários catequéticos, também o hábito de ouvir, da experiência vivida dos idosos, a lúcida confissão das bênçãos recebidas de Deus, que devemos guardar, e o testemunho leal das nossas faltas de fidelidade, que devemos reparar e corrigir”, desenvolveu.

O Papa que continuou a refletir sobre o tema da velhice na sua catequese semanal, através do exemplo de Moisés, assinalou que os anciãos entram na terra prometida, que Deus deseja para cada geração, quando oferecem aos jovens a bela iniciação do seu testemunho.

A Igreja Católica celebra a festa dos avós e idosos, no último domingo de julho, junto à celebração litúrgica de São Joaquim e Santa Ana, um dia instituído pelo Papa Francisco, a 31 de janeiro de 2021.

CB/OC

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