Francisco discursou em encontro promovido pelos episcopados da União Europeia, com delegação portuguesa
Cidade do Vaticano, 28 out 2017 (Ecclesia) – O Papa Francisco defendeu hoje no Vaticano a participação dos cristãos na política para dar nova “alma” à Europa, rejeitando os extremismos.
“[Os cristãos] são chamados a dar novamente alma à Europa, a despertar a consciência, não para ocupar espaços, mas para animar processos que gerem novos dinamismos na sociedade”, declarou, falando perante os participantes da Conferência ‘(Re) thinking Europa. Uma contribuição cristã ao futuro do projeto europeu’, promovido pela Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE).
Até ao próximo domingo, o congresso da COMECE reúne mais de 350 representantes dos vários Estados-membros, não só da Igreja Católica e várias confissões cristãs, mas também responsáveis políticos, deputados, embaixadores e figuras do mundo académico e da sociedade civil.
O Papa apontou o dedo a um “um certo preconceito laicista” que não entende o valor positivo da religião, “preferindo restringi-la a uma esfera meramente privada e sentimental”.
“Encontram assim terreno fértil em muitos países as formações extremistas e populistas que fazem do protesto o coração da sua mensagem política, sem todavia oferecer a alternativa de um construtivo projeto político”, advertiu.
Francisco evocou a herança cristã na Europa, hoje em dia marcada por uma pluralidade de culturas e de religiões, recordando a figura de São Bento, para quem “não existem funções, existem pessoas”.
“É justamente este um dos valores fundamentais que o cristianismo trouxe: o sentido da pessoa, constituída à imagem de Deus”, precisou.
O Papa sublinhou que, nesta perspetiva, a Europa não é um somatório de números ou de instituições, mas “é feita de pessoas”.
“A comunidade é o maior antídoto aos individualismos que caracterizam o nosso tempo, à tendência difusa hoje no Ocidente de se conceber e viver na solidão”, prosseguiu.
A intervenção convidou os membros das comunidades cristãs a dar nova dignidade à política, “entendida como máximo serviço ao bem comum e não como um ocupação de poder”.
O longo discurso falou de temas como a defesa da família e da vida, os migrantes e refugiados, o cuidado pelos mais fracos da sociedade, a necessidade de condições adequadas ao trabalho e de uma cultura de paz.
No Vaticano estavam o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga; Pedro Vaz Patto, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP); o antigo ministro António Bagão Félix, ex-presidente da CNJP; o eurodeputado José Manuel Fernandes; a antiga deputada Maria Rosário Carneiro; o deputado João Poças Santos; o padre Manuel Augusto Ferreira, dos Missionários Combonianos; Sofia Salgado Pinto, diretora da Faculdade de Economia e Gestão da UCP/Porto; José Veiga de Macedo, vice-presidente da Federação Europeia das Associações de Famílias Católicas; e o padre Duarte da Cunha, secretário-geral do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE).
LS/JCP/OC