Vaticano: Papa confessa amargura por aproveitamento de «falsos» amigos

Francisco concedeu entrevista a rádio argentina em que alerta para «fundamentalismos» religiosos e crise ecológica

Cidade do Vaticano, 14 set 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco confessou que se sentiu “usado” por pessoas que se fizeram passar por amigas, numa entrevista à rádio argentina ‘FM Milenium’ em que alerta para “fundamentalismos” religiosos e para a crise ecológica.

“Eu senti-me usado por pessoas que se apresentaram como [minhas] amigas, a quem talvez não tivesse visto mais do que uma ou duas vezes na vida, e utilizaram isso para seu proveito”, referiu, em declarações divulgadas hoje pela emissora e pela Rádio Vaticano.

Francisco usou a ironia para afirmar que nunca tinha tido tantos “amigos” como após a eleição pontifícia.

“Todos são amigos do Papa e a amizade é algo tão sagrado que a Bíblia diz: ‘antes de considerar alguém como amigo, deixa que o tempo o prove’”, disse depois.

O pontífice argentino reafirmou a necessidade de estar perto das pessoas, confessando que há crianças e doentes que o “comovem” e que alguns desses encontros o ajudaram a “sorrir”, a ter outro olhar e “sentido de humor”.

“Quando um pastor não se aproxima do seu povo não é pastor, porque o padre tem de ser uma ponte com os fiéis”, precisou, criticando qualquer atitude “hierática o legalista” de membros do clero.

Na conversa com a ‘FM Milenium’, Francisco sublinha as suas preocupações com as questões ambientais, criticando uma atitude de “suficiência e soberba” do ser humano em relação à natureza.

“Trata-se de cuidar da Criação para este momento, já que estamos à beira do abismo e isso é trágico. Por outro lado, mesmo que se chegasse à catástrofe, eu acredito numa nova terra e novos céus, tenho esperança e sei que a Criação vai ser transformada”, prosseguiu.

O Papa recordou os seus estudos de Química para criticar a desflorestação de terrenos para “monoculturas” agrícolas, apontando ainda o dedo a projetos como barragens hidroelétricas na Amazónia que “representam um desequilíbrio total do ecossistema”.

Noutra passagem, Francisco sustentou que “nenhuma religião está imune aos seus próprios fundamentalismos”, que “afastam Deus do seu povo” e o transformam numa “ideologia.

“Então, em nome de Deus, matam, atacam, destroem e caluniam”, assinalou, a respeito destes “grupos fundamentalistas”.

OC

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