Festa litúrgica do «Papa do sorriso» celebra-se a 26 de agosto, dia da eleição pontifícia
Cidade do Vaticano, 04 set 2022 (Ecclesia) – Francisco beatificou este domingo o Papa João Paulo I, penúltima etapa no reconhecimento como santo, na Igreja Católica, gesto sublinhado pela multidão presente no Vaticano, um domingo de chuva.
Durante a Missa que decorre na Praça de São Pedro, o atual Papa proclamou a fórmula de beatificação, em latim, afirmando responder a um pedido “da Diocese de Belluno-Feltri, de muitos outros irmãos no episcopado e muitos fiéis”.
A mesma fórmula permite que “o venerável servo de Deus, João Paulo I, Papa, possa ser de ora em diante chamado beato”, com festa litúrgica a 26 de agosto, dia da sua eleição pontifícia, em 1978.
Nesse momento, foi revelada a imagem de Albino Luciani, na fachada da Basílica do Vaticano, representando uma foto do Papa italiano numa peça em tapeçaria, da autoria do artista chinesa Yan Zhang.
Pouco depois do início da celebração, o cardeal Benianimo Stella, postulador da causa de canonização, apresentou o pedido de beatificação e elencou alguns traços biográficos do novo beato, na qual lembrou uma vida marcada pela “humildade”, a atenção aos problemas sociais, à evangelização e o seu “exemplar” pontificado de 33 dias.
Depois da proclamação do novo beato, o bispo da Diocese de Belluno-Feltre (Itália), D. Renato Marangoni, agradeceu ao Papa.
A relíquia apresentada na cerimónia é “um esquema de reflexão espiritual”, proveniente do Arquivo Privado Albino Luciani.
Albino Luciani nasceu em Canale d’Agordo, Diocese de Belluno, no Véneto, a 17 de outubro de 1912; era patriarca de Veneza quando foi eleito Papa a 26 de agosto de 1978, assumindo o nome de João Paulo I; recusou a coroação formal e não quis ser carregado na cadeira gestatória, ficando conhecido como o “Papa do Sorriso”.
O processo de beatificação de João Paulo I chegou ao Vaticano a 3 de janeiro de 2007, altura em que, na Congregação para a Causa dos Santos, foi aberto o envelope oficial com os documentos relativos à investigação diocesana sobre a heroicidade da vida e das virtudes, assim como sobre a fama de santidade.
O decreto que reconheceu as “virtudes heroicas” do novo beato foi aprovado em novembro de 2017.
O tribunal eclesiástico para o inquérito diocesano começou as atividades em 22 de novembro de 2003 e concluiu os seus trabalhos três anos depois; nas 203 sessões do processo, foram ouvidas 167 testemunhas.
A cura reconhecida como milagre, que abriu caminho à beatificação, aconteceu na Argentina, em Buenos Aires, há cerca de dez anos.
Em causa está inexplicável cura científica de uma criança argentina, Candela Soza, gravemente afetada por uma epilepsia refratária maligna.
Os trâmites processuais para o reconhecimento do milagre aconteceram segundo as normas estabelecidas em 1983.
Quando após a beatificação se verifica um outro milagre devidamente reconhecido, então o beato é proclamado “santo”.
A canonização é a confirmação, por parte da Igreja, que um fiel católico é digno de culto público universal (no caso dos beatos, o culto é diocesano) e de ser dado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.
Até hoje, 83 pontífices foram declarados santos e dez beatificados.
OC
Especial: Albino Luciani, o «Papa do sorriso», novo beato da Igreja Católica