Francisco mantém agenda preenchida, aos 85 anos, e aponta já a eventos mundiais de 2023
Cidade do Vaticano, 12 mar 2022 (Ecclesia) – O Papa o assinala este domingo o nono aniversário da sua eleição pontifícia, num contexto marcado pela guerra na Ucrânia e após meses de atenção às consequências da pandemia.
Já no início de 2022, Francisco alertava no Vaticano para os “conflitos intermináveis” que decorrem em várias partes do mundo, criticando a “indiferença” da comunidade internacional perante estes dramas, antes de pedir soluções “aceitáveis e duradouras” para a Ucrânia.
Após convocar uma jornada de oração pela paz, a 26 de janeiro, Francisco condenou a “loucura da guerra”, deslocando-se pessoalmente à Embaixada da Rússia junto da Santa Sé para manifestar a sua preocupação com a invasão da Ucrânia, iniciada a 24 de fevereiro, um dia depois do começo do conflito armado.
O Papa tem repetido apelos, desde o Vaticano, ao fim da guerra e pela abertura de corredores humanitários, colocando a diplomacia da Santa Sé no terreno para promover uma aproximação entre as partes em conflito; dois cardeais, colaboradores próximos, foram à Ucrânia, esta semana, para levar ajuda às vítimas da guerra.
No arranque da Quaresma, a 2 de março, Francisco convocou uma jornada mundial de oração e jejum pela paz.
A nível interno, o Papa lançou em outubro de 2021 um inédito processo sinodal, com etapas diocesanas, continentais e um encontro global, em outubro de 2023, promovendo a auscultação das comunidades católicas e da sociedade, sobre o futuro da Igreja Católica.
O Sínodo 2021-2023 é visto como um momento de concretização de várias das dinâmicas do Concílio Vaticano II (1962-1965), uma referência do pensamento do atual Papa, que este ano voltou a restringir o uso do Missal pré-conciliar.
Outra preocupação do pontificado, o combate aos abusos sexuais de menores, conheceu um novo capítulo, com a publicação da constituição Apostólica ‘Pascite gregem Dei’, promovendo uma reforma do Direito Canónico no que se refere às sanções penais na Igreja.
O Papa viveu em 2021 de um ano de pontificado marcado pelo internamento de dez dias, num hospital de Roma, depois do qual retomou viagens internacionais, primeiro a Budapeste e à Eslováquia e, em dezembro, com o regresso a Lesbos, para um encontro com os refugiados ali acolhidos, após uma viagem ao Chipre e Grécia que deixou várias mensagens ecuménicas e em defesa da democracia.
A pandemia esteve no centro das preocupações do Papa, uma das vozes mais ativas na defesa do acesso universal à vacinação contra a Covid-19, tendo ele próprio sido vacinado, no Vaticano.
Francisco alertou para as consequências da pandemia, ao nível da saúde mental, ofereceu vacinas e apresentou um roteiro para o pós-pandemia, para travar as desigualdades sociais que colocam milhões de pessoas na miséria e à beira da morte de fome.
Aos 85 anos de idade, a agenda do Papa não dá sinais de abrandamento e para 2022 estão programadas viagens a Malta, República Democrática do Congo e Sudão do Sul, esperando-se as datas para o regresso de Francisco à Ásia, com passagem por Timor-Leste, nos próximos meses.
Já em junho, o Papa preside no Vaticano ao X Encontro Mundial das Famílias, em formato inédito, com ligação às dioceses dos cinco continentes por via digital, desde Roma.
Além do Sínodo de 2023, o próximo ano inclui a edição internacional da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, para a qual Francisco deixou recentemente uma mensagem.
OC
Francisco/9.º aniversário: Papa ajudou a tornar Igreja «mais humana» – Ricardo Perna
https://agencia.ecclesia.pt/portal/especial-a-eleicao-de-francisco-nove-anos-depois/