Vaticano: Papa alerta para mercantilização da saúde e da investigação clínica

Mensagem à Academia Pontifícia para a Vida pede combate às desigualdades nestes campos

Cidade do Vaticano, 19 jan 2024 (Ecclesia) – O Papa alertou para a mercantilização da saúde e da investigação clínica, pedindo que se combatam as desigualdades nestes campos, a nível global.

“Não podemos subordinar o cuidado, que representa a atitude essencial que permite à vida humana progredir através da entrega de uma pessoa a outra, às mentalidades redutoras do mercado e da tecnologia”, escreve Francisco, num texto divulgado hoje pelo Vaticano.

A mensagem dirige-se aos participantes na conferência internacional ‘A Declaração de Helsínquia: Investigação em contextos de escassez de recursos’, organizada pela Academia Pontifícia para a Vida (Santa Sé), juntamente com a Associação Médica Mundial e a Associação Médica Americana.

O Papa alude à “questão fundamental da liberdade e do consentimento informado”, no campo da investigação clínica, permitindo a “transição da investigação sobre os doentes para a investigação com os doentes”.

Francisco considera que o papel central do doente, na investigação médica, ainda “não se tornou uma realidade”.

“É necessário salvaguardá-lo e promovê-lo continuamente nas novas circunstâncias em que a medicina se encontra, que avançam a uma velocidade crescente e que incluem novos recursos tecnológicos e farmacêuticos, interesses económicos e alianças comerciais e contextos culturais em que é mais fácil instrumentalizar os outros para os seus próprios fins”, adverte.

A investigação clínica em países de baixo rendimento é uma área especialmente suscetível a estas vulnerabilidades. Na verdade, estas preocupações constituem um aspeto particular da proteção que temos sempre de assegurar, em todos os aspetos da nossa vida em comum, para as pessoas das nossas sociedades que estão mais em risco”.

Francisco sublinha que “muitas injustiças” empurram os países pobres para uma posição de desvantagem, “em termos de acesso e utilização dos recursos disponíveis, deixando-os à mercê de países mais ricos e de entidades industriais”.

“Neste domínio, após a experiência da pandemia, vimos como é importante prever formas de governação que vão além das disponíveis para as nações individuais”, observou.

OC

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