Vaticano: Papa afirma que «a desinformação é o primeiro dos pecados, dos erros» do jornalismo

Francisco recebeu prémio «É Jornalismo» por causa da «urgência de uma comunicação construtiva que favoreça a cultura do encontro»

Cidade do Vaticano, 26 ago 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco recebeu hoje, em audiência, no Vaticano, uma delegação que lhe entregou o Prémio ‘É Jornalismo’, indicou quatro “pecados do jornalismo”, falou de “esperança”, da exceção que o levou a aceitar esta distinção, e ajuda no sínodo.

“A desinformação é um dos pecados do jornalismo, que são quatro: a desinformação, quando o jornalismo não informa ou desinforma; calúnia (às vezes, é usado); a difamação, que é diferente da calúnia, mas destrói; e a quarta é amor ao escândalo, o escândalo vende”, disse Francisco, divulgou a Sala de Imprensa da Santa Sé.

“A desinformação é o primeiro dos pecados, dos erros – digamos assim – do jornalismo”, sublinhou.

Foto: Vatican Media

O Papa recebeu, esta manhã, em audiência, uma delegação do Prémio É Jornalismo’, que foi criado em 1995 – pelos jornalistas italianos veteranos Indro Montanelli, Enzo Biagi, Giorgio Bocca e Giancarlo Aneri – e explicou que antes de se tornar Bispo de Roma, “recusava prémios e continuou a fazê-lo como Papa”, mas aceitou esta distinção por causa da “urgência de uma comunicação construtiva”.

“Uma comunicação construtiva que favoreça a cultura do encontro e não do desencontro, da paz e não da guerra, da abertura aos outros e não do preconceito”, assinalou.

Segundo Francisco, é preciso difundir uma cultura do encontro, do diálogo, da escuta do outro e das suas razões, e a cultura digital “oferece tantas novas possibilidades de intercâmbio, mas também corre o risco de transformar a comunicação em slogans”, e alertou para a manipulação que difunde, “de modo egoísta, notícias falsas para orientar a opinião pública”.

“Na atual conjuntura dramática, atravessada pela Europa, devido à continuação da guerra na Ucrânia, somos chamados a um salto de responsabilidade. A minha esperança é que haja mais espaço aos que defendem a paz; aos que estão comprometidos em pôr um ponto final neste, mas também em tantos outros conflitos; aos que não se rendem à lógica perversa da guerra, mas continuam a acreditar, apesar de tudo, na paz, no diálogo e na diplomacia”.

Aos presentes, o Papa confiou sua esperança e explicou que “a esperança é que hoje, – um tempo em que todos parecem comentar tudo, prescindindo dos factos e, muitas vezes, até antes de se informar, – o ‘princípio da realidade’ seja cada vez mais redescoberto e cultivado”.

O Papa Francisco partilhou também “um pedido de ajuda”, neste tempo, em que se fala muito e se escuta pouco, e o sentido do bem comum corre o risco de enfraquecer, lembrando que a “toda a Igreja empreendeu um caminho para redescobrir a palavra ‘juntos: caminhar juntos, interrogar-se juntos, assumir juntos um discernimento comunitário”, com o Sínodo dos Bispos dedicado à ‘sinodalidade’.

“Abrimos as portas, oferecendo a todos a oportunidade de participar, levando em conta as diversas necessidades e sugestões de todos. Queremos contribuir juntos para a construção de uma Igreja, onde todos se sintam em casa, onde ninguém esteja excluído”, explicou no seu discurso, e pediu que o ajudem “a falar deste processo como ele realmente é, deixando de lado a lógica dos slogans e das histórias pré-confecionadas”.

CB

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