Entrevista de 2019 vai ser publicada em livro sobre a «Saúde dos Papas», de médico e jornalista argentino
Cidade do Vaticano, 27 fev 2021 (Ecclesia) – O Papa admitiu numa entrevista de 2019, publicada hoje na imprensa argentina, que esperar morrer em Roma, mesmo após uma eventual renúncia ao pontificado.
“Como Papa, no ativo ou emérito. E aqui em Roma. Não volto à Argentina”, responder Francisco, quando questionado sobre como imagina a sua morte, após referir que não tem medo da mesma.
A conversa com o médico e jornalista argentino Nelson Castro vai fazer parte do livro ‘A saúde dos Papas. Medicina, complots e fé desde Leão XIII até Francisco”, que chega às bancas em março.
Francisco fala da operação ao pulmão direito a que foi submetido na juventude e a dolorosa recuperação da mesma, as consultas de psiquiatria e a necessidade de enfrentar as “neuroses”.
“Ouvir Bach acalma-me”, refere.
O Papa diz que começou a consultar uma psiquiatra após episódios ligados à ditadura militar argentina.
“Durante seis meses, ela ajudou-me a orientar-me sobre como enfrentar os medos dessa altura. Imagine como foi carregar uma pessoa escondida no carro – tapada apenas por um cobertor – e passar por três postos de controlo militar na área do’ Campo de Mayo’. A tensão que isso gerou em mim foi enorme”, recorda.
Já em 2014, o Papa tinha falado da hipótese de renunciar ao pontificado se lhe faltarem as “forças”, elogiando o exemplo dado pelo Papa emérito Bento XVI, numa conferência de imprensa no voo de regresso a Roma desde Seul.
“Há 70 anos os bispos eméritos eram uma exceção, não existiam. Hoje os bispos eméritos são uma instituição. Eu penso que ‘Papa emérito’ é já uma instituição, porque a nossa vida se prolonga e numa certa idade já não há capacidade de governar bem, porque o corpo se cansa”, precisou.
OC