Vaticano: Francisco desafia bispos a partirem ao encontro das pessoas nas grandes cidades

Papa recebeu delegação de 25 arcebispos dos cinco continentes, incluindo o patriarca de Lisboa

Cidade do Vaticano, 27 nov 2014 (Ecclesia) – O Papa recebeu hoje no Vaticano 25 arcebispos de grandes cidades, incluindo o patriarca de Lisboa, a quem pediu que saiam ao encontro das pessoas nestas metrópoles, especialmente os pobres, e promovam uma Igreja de portas abertas.

“Sair e facilitar: trata-se de uma verdadeira transformação eclesial, tudo pensado numa chave de missão. Uma mudança de mentalidade – do receber ao sair, do esperar que [as pessoas] venham ao ir em busca delas. Isto para mim é a chave”, disse aos participantes, que concluíram na quarta-feira a segunda etapa do Congresso de Pastoral das Grandes Cidades, realizado em Barcelona.

Francisco mostrou a sua preocupação pela pobreza urbana, referindo que “na cidade, o futuro dos pobres é mais pobreza”, pelo que “a Igreja não pode ignorar o seu grito nem entrar no jogo dos sistemas injustos, mesquinhos e interesseiros que tentam torná-los invisíveis”.

Nesse contexto, desafiou os responsáveis e as suas comunidades diocesanas a “sair para encontrar Deus que habita nas cidades e nos pobres”, bem como a “tornar acessível o sacramento do Batismo”, com “igrejas abertas”, pedindo “catequeses adequadas aos conteúdos e aos horários da cidade”.

O Papa sublinhou que a proposta católica se centra no testemunho, com o qual se pode “incidir nos núcleos mais profundos”.

“O testemunho concreto de misericórdia e ternura nas periferias existenciais e pobres atua diretamente nos imaginários sociais, gerando orientação e sentido para a vida da cidade”, assinalou.

Francisco partiu da sua experiência como arcebispo de Buenos Aires, “uma cidade populosa e multicultural, na qual procurou “mudar a mentalidade pastoral”, com maior consciência da pluralidade cultural e religiosa e valorização da piedade popular.

“Não tenho dúvidas de que na fé de homens e mulheres humildes há um potencial enorme para a evangelização das áreas urbanas”, precisou.

A primeira fase do Congresso realizou-se de 20 a 22 de maio deste ano, com a participação de especialistas em Sociologia, Pastoral e Teologia.

Francisco tinha enviado uma mensagem para a sessão de encerramento que decorreu esta quarta-feira na Basílica da Sagrada Família, em Barcelona.

“Todos precisam de sentir a proximidade e a misericórdia de Deus. Ele oferece o sentido verdadeiro da vida aos que se sentem sós, desorientados e entristecidos pelas feridas provocadas muitas vezes por uma sociedade frenética e pouco solidária”, escreveu o Papa.

A Igreja, acrescentou, não deve “poupar esforços e sacrifícios” para que não falte a ninguém “o acolhimento para sentir-se integrado numa comunidade, seja em circunstâncias de desagregação, seja no frio anonimato”.

OC

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