Vaticano: Francisco defende «transparência absoluta» na reforma da Cúria Romana

Papa abriu reunião de dois dias com 160 cardeais e deixou saudação aos futuros membros do Colégio Cardinalício

Cidade do Vaticano, 12 fev 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco deu hoje início a uma reunião de dois dias com 160 cardeais de todo o mundo para debater a reforma da Cúria Romana, os organismos centrais de governo da Igreja Católica, defendendo “transparência absoluta” neste processo.

“A meta a atingir é sempre a de favorecer uma maior harmonia no trabalho dos vários dicastérios e organismos para conseguir uma colaboração mais eficaz, naquela transparência absoluta que edifica a verdadeira sinodalidade e colegialidade”, declarou, num discurso pronunciado esta manhã.

Francisco sustentou que a reforma em curso não é “um fim em si mesmo”, mas um meio para “dar um forte testemunho cristão”, promover uma “evangelização mais eficaz” e promover o espírito ecuménico e um “diálogo mais construtivo com todos”.

“Com certeza que não é fácil chegar a uma tal meta: exige tempo, determinação e, sobretudo, a colaboração de todos”. sublinhou.

O encontro decorre depois da oitava reunião do Conselho dos Cardeais – conhecido como ‘C-9’ – que o Papa criou para o auxiliarem na reforma da Cúria Romana, o chamado ‘C9’, que teve lugar entre segunda e quarta-feira.

Francisco dirigiu-se depois aos 20 prelados que vão ser criados cardeais no consistório público de sábado, incluindo D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa.

“Bem-vindos a esta comunhão, que se exprime na colegialidade”, declarou.

O C9 apresentou em setembro de 2013 um esboço de nova Constituição para a Cúria Romana, que foi discutido com os responsáveis dos organismos centrais do governo da Igreja, dois meses depois.

O trabalho está mais avançado no que diz respeito às questões económicas e administrativas e às questões relacionadas com os departamentos de economia, após a instituição do Conselho e da Secretaria para a Economia, liderada pelo cardeal australiano D. George Pell.

O documento que regulamenta atualmente a Cúria Romana é a constituição 'Pastor Bonus', assinada por São João Paulo II a 28 de junho de 1988.

Durante este consistório – reunião de cardeais para debater assuntos importantes da vida da Igreja, convocada pelo Papa – o secretário do C9, D. Marcello Semeraro, vai apresentar uma síntese do trabalho feito para elaborar uma nova Constituição para a Cúria Romana.

“Esta síntese foi preparada com base nas muitas sugestões, também por parte dos chefes e dos responsáveis dos dicastérios, para além dos peritos na matéria”, explicou o Papa.

Francisco recordou que nas reuniões gerais de cardeais antes do Conclave de março de 2013, no qual foi eleito, a maioria dos participantes desejava esta “reforma”, para “aperfeiçoar ainda mais a identidade da própria Cúria Romana”, ou seja, ajudar o Papa no exercício do seu ministério.

“Com este espírito de colaboração começa o nosso encontro, que será fecundo graças ao contributo que cada um de nós puder exprimir com franqueza (parresia, no original)”, concluiu.

O cardeal Oscar Maradiaga, que coordena o ‘C9’, considera que Francisco criou uma “nova maneira de governar a Igreja” e admitiu, na sua recente passagem por Portugal, que é necessário “reduzir” o número Conselhos Pontifícios.

Em cima da mesa estão propostas para criar "duas novas grandes congregações", uma para "Leigos, Família e Vida" e outra para os setores da "Caridade, Justiça e Paz".

OC

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