Vaticano: D. José Saraiva Martins evoca personalidades «extraordinárias» João Paulo II e João XXIII

Cardeal esteve ligado ao processo de canonização dos dois futuros santos

Cidade do Vaticano, 26 abr 2014 (Ecclesia) – O cardeal português D. José Saraiva Martins disse à Agência ECCLESIA que a canonização de João XXIII e João Paulo II, este domingo, sublinha a profunda “humanidade” dos dois Papas.

“A santidade e a humanidade não são duas realidades contrapostas, mas intimamente unidas, inseparáveis. A santidade para mim não é senão a plenitude da humanidade e os santos são os que viveram em profundidade à luz do Evangelho a própria humanidade”, declarou o prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, que esteve ligado aos dois processos de canonização.

Falando em “duas personalidades extraordinárias”, D. José Saraiva Martins recorda em particular as relações de proximidade de João Paulo II, com quem colaborou a Cúria Romana.

“Era um Papa moderno, humano, profundamente humano. A explicação para mim é simples: era um santo. Tinha uma fé profunda, concreta, não abstrata. Era um santo enamorado de Cristo”, lembra.

O cardeal português recorda ainda uma “simplicidade extraordinária” e “um Papa profundamente humano”.

“A sua vida consistiu em defender e promover a pessoa humana, a sua dignidade, e defender com coragem, muita coragem, por vezes heroica, os direitos fundamentais e naturais do homem. Direitos inalienáveis que têm de ser respeitados e promovidos até ao fim”, prossegue.

D. José Saraiva Martins rejeita, por outro lado, as acusações de que João Paulo II teria falhado perante o problema da pedofilia na Igreja.

“Este Papa tão próximo das pessoas, deu-se conta do problema e procurou resolvê-lo, mas nem tudo o que de bom faz um Papa é reproduzido na imprensa. Ele interveio várias vezes por meio da Congregação para a Doutrina da Fé. A Igreja preocupou-se sempre porque este é um problema real”, precisa.

Em relação a João XXIII, o prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos sublinha a “simplicidade evangélica” de alguém que “era realmente como Cristo”.

“Para mim era uma interpretação autêntica do Evangelho e renovou a imagem de Cristo, no seu tempo e no seu pontificado”, observa.

D. José Saraiva Martins recorda o Papa Roncalli como uma pessoa “muito simpática, com uma linguagem muito popular”, “bom, muito sensível e próximo do povo”.

O pontificado do futuro santo ficou marcado pela convocação do Concílio Vaticano II, “ um verdadeiro Pentecostes para a Igreja, o princípio de uma renovação profunda da comunidade eclesial”.

“[João XXIII] era um membro da sociedade, via muito bem quais os problemas que existiam entre a Igreja e o Estado, o mundo político e procurou aprofundar vários problemas, inclusivamente os que implicavam a ação pastoral da Igreja”, declara.

PR/OC

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