Vaticano: Cardeal solidário com bispo mexicano proibido de celebrar Missa por migrantes falecidos

Cidade do Vaticano, 28 ago 2014 (Ecclesia) – O presidente do Conselho Pontifício para os Migrantes e Itinerantes enviou uma carta ao bispo de Tabasco, no México, para apoiar o seu trabalho com os migrantes e alerta para a descrença das pessoas nas instituições a nível mundial.

“O êxodo agitando em várias partes do mundo é a denúncia aberta do declínio das instituições e da perda de um sentido autêntico da humanidade, onde a distribuição injusta de recursos e o açambarcamento egoísta dos bens têm tido prioridade no que diz respeito à resposta a emergências humanitários”, denúncia o cardeal Antonio Maria Vegliò.

Para o presidente do Conselho Pontifício para os Migrantes e Itinerantes, no cenário atual “a tarefa da Igreja é cada vez mais difícil, mas não para e não tem medo”.

Nesse sentido, o responsável junta-se ao apelo do Papa Francisco e pede às instituições nacionais, internacionais e a todos os crentes “iniciativas de oração para encontrar o caminho certo que conduz à coexistência pacífica dos povos; ao diálogo e à negociação para parar os agressores violentos; à abertura de canais para facilitar a ajuda humanitária aos refugiados”.

A Santa Sé recomenda ainda, em última análise, “a adoção de regulamentos locais e supranacionais adequados” aos fluxos migratórios para que respeitem e promovam “a dignidade humana dos indivíduos e membros de suas famílias”.

O presidente do Conselho Pontifício para os Migrantes e Itinerantes considera que a iniciativa bispo de Tabasco, no México “teve um caráter profundamente pastoral” e expressou a “proximidade espiritual deste Conselho que é a voz da Santa Sé, em todas as áreas do mundo afetadas por fluxos migratórios, e do apelo do Papa Francisco a não aceitar a ‘globalização da indiferença’”.

Os agentes do Serviço de Alfândega e do Instituto Nacional de Migração do México proibiram D. Gerardo De Jesús López Rojas, bispo de Tabasco, de celebrar uma Eucaristia pelos migrantes, esta quarta-feira.

A cerimónia acabou por se realizar na Guatemala, perto do Vicariato Apostólico de El Petén.

A Eucaristia tinha como intensão recordar o “massacre” de 72 emigrante de países da América Central e do Sul, em Agosto de 2010, pelo cartel de droga Los Zetas, em San Fernando.

O cardeal Antonio Maria Vegliò, para além deste acontecimento, relembra também que entre 2009-2011 “mais de 20 000 imigrantes foram sequestrados” nesta diocese de fronteira.

“Para não mencionar todos os que têm caído na rede de traficantes e os milhares de homens, mulheres e crianças que perderam suas vidas”, acrescentou.

O membro da Cúria Romana destaca ainda que estão a ser intensificadas as operações para “evitar que os migrantes entrem no comboio de carga, conhecido como ‘The Beast’ (a besta), forçando-os a escolher rotas mais arriscadas para chegar aos Estados Unidos da América”.

“Como podemos não pensar em todos aqueles que, em várias partes do mundo, são forçados pela pobreza ou a perseguição a atravessar as fronteiras da sua terra natal em busca de uma vida humana digna?”, questiona o responsável.

Para o presidente do Conselho Pontifício para os Migrantes e Itinerantes é também impossível de esquecer as perseguições aos cristãos no Médio Oriente ou os “20 mil imigrantes que morreram no mar Mediterrâneo” a tentar entrar na Europa vindos de África ou ainda os que “fogem de países africanos e asiáticos” onde existem “guerras de raiva e perseguições” e vão Austrália.

CB/OC

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