Unidade dos cristãos dominou Sexta-feira Santa no Vaticano

Nas relações entre as confissões cristãs avança um ecumenismo no qual, no limite, todos crêem nas mesmas coisas, porque ninguém crê mais em nada, no sentido que a palavra «crer» tem no Novo Testamento. A lançar o alarme, na Sexta-feira Santa, com a presença do Papa, esteve o Pregador da Casa Pontifícia Padre Raniero Cantalamessa na homilia da celebração da Paixão do Senhor, na Basílica de São Pedro. “Existem hoje dois ecumenismos possíveis: um ecumenismo da fé e um ecumenismo da incredulidade; um que reúne todos aqueles que crêem que Jesus é o Filho de Deus, que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo, e que Cristo morreu para salvar a todos os homens, e um que reúne todos aqueles que, em reverência ao símbolo de Niceia, continuam a proclamar esta fórmula, mas esvaziando-a do seu verdadeiro conteúdo – salientou o Pragador da Casa Pontifícia que recordou que “nas batalhas medievais havia um momento no qual, superadas as infantarias, os arqueiros, a cavalaria e todo o resto, a multidão se concentrava à volta do rei. Ali se decidia o êxito final da batalha. Também para nós a batalha hoje é à volta do rei. Existem edifícios ou estruturas metálicas assim feitas que se toca um certo ponto nevrálgico, ou se tira uma certa pedra, tudo desaba. No edifício da fé cristã esta pedra angular é a divindade de Cristo. Removida esta, tudo se evapora e, antes de qualquer coisa, a fé na Trindade. Segundo o Padre Raniero Cantalamessa o que está em jogo no início do terceiro milénio não é o mesmo que estava no início do segundo milénio, quando se produziu a separação entre oriente e ocidente, e também não é a mesma coisa que na metade do mesmo milénio, quando se produz a separação entre católicos e protestantes. Podemos dizer que a maneira exacta de proceder do Espírito Santo do Pai e o problema da relação entre fé e obras são os problemas que apaixonam os homens de hoje e com o qual permanece ou cai a fé cristã? O mundo caminhou para a frente e nós ficámos presos a problemas e fórmulas que o mundo não conhece, nem tão pouco o significado. Na sua homilia de o Padre Cantalamessa recordou depois as palavras da Primeira Carta de São João:”vence o mundo somente quem acredita que Jesus é o Filho de Deus”. Permanecendo neste critério – salientou – a fundamental distinção entre os cristãos não é entre católicos, ortodoxos e protestantes, mas entre aqueles que crêem que Cristo é o Filho de Deus e aqueles que não crêem.

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