Um desafio para a Igreja em Portugal

Na sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz, o Papa Bento XVI dedica dois pontos à situação dos cristãos perseguidos. O documento denuncia, particularmente, a situação difícil dos cristãos em várias partes do mundo, assim como a “hostilidade encoberta” nas sociedades ocidentais.

O Santo Padre lembra-nos que, “nalgumas regiões do mundo, não é possível professar e exprimir livremente a própria religião sem pôr em risco a vida e a liberdade pessoal […] De modo particular na Ásia e em África, as principais vítimas são os membros das minorias religiosas, a quem é impedido de professar livremente a própria religião ou mudar para outra, através da intimidação e da violação dos direitos, das liberdades fundamentais e dos bens essenciais, chegando até à privação da liberdade pessoal ou da própria vida.”

A temática da liberdade religiosa, particularmente dos cristãos perseguidos, configura-se como uma área de intervenção privilegiada da Fundação AIS (Ajuda à Igreja que Sofre), uma organização dependente da Santa Sé que nasceu precisamente na mesma altura em que as Nações Unidas estavam a elaborar a Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Na origem da AIS esteve a intuição de um monge (Werenfried van Straaten) comovido com a miséria e o sofrimento das pessoas após a II Guerra Mundial. Aquilo que foi uma simples acção humanitária deu origem a um invulgar movimento de solidariedade que, actualmente, é uma das mais importantes instituições internacionais católicas a actuar junto das comunidades cristãs mais necessitadas, particularmente junto dos cristãos perseguidos por causa da sua fé.

Uma das principais características da AIS, e aquilo que a diferencia de todas as outras organizações de assistência, é precisamente o carisma e a capacidade de apoiar pastoralmente a Igreja Católica em qualquer parte do mundo onde ela seja perseguida ou esteja em necessidade.

Este apoio pastoral, que é muito mais do que uma simples e pontual ajuda material, assenta em três pilares essenciais: informar, orar, partilhar.

1) É extremamente importante informar as pessoas sobre a situação difícil das várias comunidades cristãs que não têm liberdade nem espaço para manifestarem publicamente a sua fé. A Fundação AIS é a única organização da Igreja Católica que divulga periodicamente um Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo porque entende a importância e a urgência de denunciar todas as situações de discriminação, intolerância e perseguição com base na fé religiosa.

Estar informado é o ponto de partida para poder pensar, ter opinião e agir através da denúncia junto da opinião pública e dos detentores do poder, mas também através da oração e do apoio material concreto.

Neste sentido a Fundação AIS está a desenvolver sistematicamente um trabalho contínuo de recolha e divulgação de conteúdos importantes sobre a situação dos cristãos perseguidos, publicação de notícias e livros, entrevistas e testemunhos, organização de conferências e outras actividades.

2) Para atingir os objectivos que se propõe, a Fundação AIS valoriza de uma maneira muito particular a importância da oração e incentiva todas as pessoas a rezar pelos cristãos perseguidos.

Já existe, de facto, uma grande corrente de oração e um subsídio sob forma de brochura distribuída gratuitamente intitulada “Hora mensal de oração em comunhão com a Igreja que sofre”. A Igreja sofre e vive na sombra da cruz, mas a cruz é a força dos cristãos, por isso é necessário ter esperança e acreditar que a morte não tem a última palavra.

3) Por fim, a partilha de bens e a ajuda concreta faz parte do trabalho que a Fundação AIS desenvolve junto das comunidades cristãs mais necessitadas.

Periodicamente são lançadas campanhas de angariação de fundos que apelam à generosidade e solidariedade das pessoas de boa vontade para fazerem chegar os seus donativos e, deste modo, mitigar o sofrimento daqueles que são nossos irmãos na fé.

Estas três dimensões, que resumem a missão da Fundação AIS e estão presentes na Mensagem do Santo Padre para o dia Mundial da Paz, representam um grande desafio para a Igreja Portuguesa.

Félix Lungu
Departamento de Comunicação
Fundação Ajuda à Igreja que Sofre

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