Um albergue para os peregrinos

Porriño é uma pequena cidade a caminho de Santiago de Compostela. O albergue, no centro da cidade, tem um ribeiro a passar mesmo debaixo das instalações, onde se pode descansar a vista, que vai seguindo a corrente. Uma placa não deixa pescar, mas deixa sossegar os olhos de quem está cansado das pernas. Chegados ao albergue todos os peregrinos rumam ao banho. Retemperador de forças e descanso do corpo. Há quem opte por dar uma volta pela cidade (os que ainda aguentariam mais quilómetros). Outros querem mesmo é dormir a sesta. Não há camas para todos, alguns terão de dormir em colchões no corredor. Há quem prefira porque dentro dos quartos “fica muito abafado”. Espreitando para dentro das camaratas conjuntas, roupa estendida, pernas estendidas, massagens aos músculos – é este o panorama. Lá fora a cidade circula. Uma ponte por cima do ribeiro deixa os carros passar indiferentes ao cansaço de quem está dentro de portas. O albergue do Porriño recebe os peregrinos com um livro destinado aos que se põem a caminho, mas que ainda têm tempo e descanso nos dedos para duas frases a dizer que também por ali passaram. E por ali passam assinaturas desde 2006. Deve haver outros Livros do Peregrino, porque este albergue data de 2003, altura em que foi inaugurado pelo Presidente da Junta. Carolina trabalha neste albergue apenas desde Junho. Aqui na cidade, o recente albergue apenas está aberto aos peregrinos até Dezembro, altura em que a polícia local toma conta. No Verão a frequência é maior, especialmente durante o mês de Agosto, altura em que chegam muitos estrangeiros, mas este é também o mês “em que os espanhóis se põem a caminho”. A Semana Santa é outra época de grande frequência dos albergues. Portugueses, andaluzes são maioritariamente os peregrinos que passam no albergue do Porriño, mesmo antes quando não havia esta infra estrutura montada e os peregrinos ou ficavam no ginásio polidesportivo da cidade, ou quando este estava em uso para actividades desportivas, não tinham alternativa senão rumar até Redondela. As maiores informações, afirma Carolina, “são pedidas em Tuy, pois uma vez que as instalações são recentes a frequência ainda não é muito grande”. A responsável pelo albergue ainda não fez todo o caminho. “Só fiz o percurso entre Pontevedra e Caldas dos Reis”, revela, acrescentando que gostaria de fazer o restante percurso, “sobretudo pela experiência do caminho”. Os albergues são instalações ao serviço dos peregrinos. Daí a apresentação obrigatória da credencial pessoal de cada peregrino, onde os carimbos ilustram o percurso que se faz, permitindo também controlar eventuais abusos. Estas infra estruturas são gratuitas, mas com um elevado número de despesas, nomeadamente em água e electricidade. Pede-se aos peregrinos que façam donativos para que seja possível continuarem de portas abertas, mas “os donativos não chegam para cobrir as despesas”. As restantes ficam a cargo do governo local. Este albergue dispõe de 44 camas e 29 colchões. É o que tem maior número de acomodações ao longo do caminho português.

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