Um abrigo para as mães de Aveiro

Numa altura em que se intensifica o debate sobre o aborto, O Correio do Vouga, semanário da Diocese de Aveiro, dá a conhecer o Lar do Divino salvador. À responsabilidade das Irmãs de Nossa Senhora da Caridade e do Bom Pastor, uma congregação que surgiu em França, em 1835, a instituição tem como principal função acolher mulheres vítimas da violência dos maridos ou companheiros. Existe desde 1998 e por lá já passaram 230 mães e 300 crianças. Actualmente, habitam o Lar 10 mulheres e 15 crianças. Estas, entre os 4 meses e os 12 anos. Metade delas com menos de 1 ano de idade. Nos corredores da casa, uma pequena galeria de fotografias mostra dezenas de rostos sorridentes, mães e respectivos filhos, que beneficiaram ou beneficiam da acção desta instituição. “As mulheres que estão aqui têm os filhos como grande razão de viver”, afirma a Irmã Nazaré Jardim. Uma equipa ajuda-as na elaboração de um projecto de vida com vista à autonomia. A equipa é constituída por uma psicóloga, uma assistente social, uma educadora social, além da directora da instituição. Presta-se ainda apoio médico e jurídico. O Lar do Divino Salvador aceita mulheres (grávidas ou não – a última vez que uma residente teve um filho foi há quatro meses) e respectivas crianças, independentemente da sua origem ou condição. Chegam a Ílhavo por ordem do tribunal, a pedido da Segurança Social ou por intermédio de pessoas conhecidas. Somente não se aceitam mulheres com deficiência ou toxicodependentes, porque esses casos requerem outros cuidados e instalações com características especiais. A dificuldade económica das mães é outra situação a que o Lar procura dar resposta. Joana (nome fictício), brasileira, há 4 anos em Portugal (veio com familiares, que entretanto regressaram), ficou sem nenhum amparo, quando disse ao namorado que ele ia ser pai. “Largou-me e fez pressão para que eu tirasse as crianças”, relata, “e ainda mais quando soube que estava grávida de gémeas”. Mas Joana não tirou, isto é, não abortou. “Nem que eu morresse de fome, tirar, não tirava”, diz. A imigrante teve de ser internada aos três meses e as gémeas nasceram prematuras, de 28 semanas, com 540 e 760 gramas. Agora têm quase um ano e “muita saúde”. “Estou muito contente com elas”, diz. (Correio do Vouga)

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