Diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações elogia onda de solidariedade com as vítimas da guerra, «às portas da União Europeia»
Lisboa, 04 de mar 2022 (Ecclesia) – A diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM), Eugénia Quaresma, disse hoje à Agência ECCLESIA que “presenciar a guerra em direto” evocou a onda de solidariedade em Portugal e mostra a “boa integração da comunidade ucraniana”, desde há 20 anos.
“Esta onda de solidariedade surge porque vivemos esta guerra em direto, é aqui na Europa, está aqui perto e a ameaça política que está adjacente é às portas da União Europeia (UE) e isso explica a solidariedade ao nível do Estado mas também ao nível dos povos, como se tem visto em vários países, incluindo Portugal”, referiu.
Eugénia Quaresma destaca as medidas do governo português, no que se refere ao acolhimento de refugiados ucranianos, enaltecendo “a rapidez” e o entendimento de “alguns documentos quando dizem que “existe o dever de acolhimento com os refugiados”, aqui melhor percebido pela proximidade da guerra.
“Recordemos também nos anos 2000, desde aí que conhecemos esta comunidade ucraniana e a Igreja abriu portas ao acolhimento, rapidamente se espalharam pelo país inteiro e, quando surge esta notícia da guerra, olham-nos como destino seguro, onde há laços e podem recorrer, por isso estamos a cumprir o nosso papel”, indica.
A responsável olha estes dias de guerra “com preocupação e de lágrimas nos olhos”, vendo como “conflito inevitável mas que não dispensa o diálogo e negociações como caminho para encontrar a paz”.
A ameaça nuclear desta noite deixa-nos frágeis, sabemos o que aconteceu em Chernobyl e Hiroxima, e queremos que não aconteça nunca mais, foi assim que nasceu a UE, pessoas que sobreviveram à guerra e que disseram ‘tal não pode voltar a acontecer’ e esta voz tem de se reerguer e ressaltar a beleza de nos unirmos”.
A diretora da OCPM salientou a “importância da memória”, para que a história “não se apague” e referiu ainda a encíclica ‘Fratelli Tutti’, do Papa Francisco, em dois capítulos essenciais: a política melhor e o percurso de um novo encontro.
“Podemos reler a Fratelli Tutti, do Papa Francisco em dois capítulos essenciais, a política melhor, a responsabilização dos Estado e organizações internacionais de assumirem a união e defender os princípios de promover a paz e a dignidade humana; e depois o percurso de um novo encontro, tendo diálogo como essencial, e promovendo formas de convivência que nos ajudem a crescer em humanidade”, destaca.
Eugénia Quaresma assinala ainda o “papel fundamental” da comunicação social isenta, “que nos faz chegar a verdade”, onde ninguém está parado, dando o exemplo da iniciativa da União Europeia de Rádios, esta sexta-feira, onde as estações de rádio, pelas 07h45, passaram o tema de John Lennon “Give Peace a Chance”, num forte apelo à paz na Europa.
SN