Ucrânia/Rússia: Vaticano reafirma disponibilidade para sediar negociações entre Moscovo e Kiev

Cardeal Pietro Parolin admite dificuldades e lamenta falta de sinais de paz

Foto: Lusa/EPA

Roma, 12 dez 2022 (Ecclesia) – O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, afirmou hoje a disponibilidade da Santa Sé para sediar negociações de paz entre Rússia e Ucrânia.

“Estamos disponíveis, como temos dito desde o início. Acreditamos que o Vaticano pode ser um local adequado”, referiu o colaborador do Papa, em declarações à imprensa, após um evento no Senado italiano, esta manhã.

O responsável pela diplomacia da Santa Sé sustentou que esta tem “procurado oferecer a todos uma possibilidade de encontro”, mantendo um “equilíbrio” nas suas posições, mas admitiu que faltam gestos de paz.

“O nosso desejo é o de oferecer um espaço no qual as partes se possam encontrar e iniciar um diálogo, sem condições prévias. Serão eles a decidir a metodologia de trabalho e os temas, mas nós estamos disponíveis”, acrescentou o cardeal Parolin, a respeito de uma eventual cimeira de paz entre Kiev e Moscovo.

O secretário de Estado do Vaticano admitiu que, neste momento, “não há muitas condições para dialogar e não se vislumbram desenvolvimentos”.

“É preciso continuar, esperando contra toda a esperança, porque a guerra tem de acabar, por variadíssimas razões, sobretudo pelo sofrimento que está a provocar na Ucrânia, sobre a população civil, que vai viver um Natal verdadeiramente dramático”, prosseguiu.

No fim de novembro, Francisco disse a uma revista jesuíta que a Santa Sé estava disposta a mediar possíveis negociações entre Kiev e Moscovo, mas foi alvo de críticas da Rússia por criticar a “crueldade” das suas forças militares, especialmente chechenos e buriates, na invasão à Ucrânia.

A 8 de dezembro, o Papa emocionou-se ao recordar as vítimas da guerra na Ucrânia, durante uma homenagem à Imaculada Conceição, no centro de Roma.

“Virgem Imaculada, hoje eu gostaria de trazer-te a ação de graças do povo ucraniano pela paz que há muito tempo pedimos ao Senhor”, disse, numa passagem da sua oração em que se comoveu e chorou, perante centenas de pessoas que acompanhavam a cerimónia.

“Em vez disso, ainda tenho de apresentar-te a súplica das crianças, dos idosos, dos pais e mães, dos jovens daquela terra martirizada, que sofre tanto. Mas na realidade todos nós sabemos que tu estás com eles e com todos os que sofrem, assim como estavas ao lado da cruz do teu filho”, acrescentou.

OC

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Agência ECCLESIA

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