Ucrânia: Responsável da «Caritas Internationalis» defende coordenação na ajuda, investindo na proximidade

John Coughlin elogia onda de generosidade, mas adverte para oferta de bens nem sempre «alinhados com as necessidades prioritárias»

Foto: Lusa

Lisboa, 13 mar 2022 (Ecclesia) – O responsável das emergências da ‘Caritas Internationalis’ defende uma maior coordenação no envio de ajudas para a Ucrânia, investindo na proximidade com os deslocados e os responsáveis locais.

“Para nós, a maneira mais eficaz é ajudar as pessoas, ajudar a Cáritas através de donativos em numerário. É muito mais difícil responder às necessidades das pessoas quando já temos bens, que até podem não responder às necessidades que as pessoas expressam”, disse John Coughlin, convidado da entrevista semanal conjunta Ecclesia/Renascença, emitida e publicada aos domingos.

O especialista destaca a importância de ter os bens “alinhados com as necessidades prioritárias” da população que sofre com a guerra, dos deslocados e refugiados.

“Há uma questão muito importante, que é a escassez de bens na Ucrânia, neste momento, pelo que estamos a procurar os bens na Polónia, por exemplo. Compramos as coisas no mercado local e estamos a levar camiões da Polónia para a Ucrânia, isso é já um custo logístico, tudo o que diz respeito ao transporte”, aponta.

Imagine-se levar coisas de Lisboa ou do Porto para Varsóvia ou Lviv, esse é um custo enorme. Pergunto-me: não seria melhor que esse dinheiro fosse gasto mais perto da assistência?”.

O responsável da Cáritas Internacional diz temer pelas populações, quando os holofotes mediáticos se desligarem da crise na Ucrânia.

“Os países têm aberto as suas portas e estão a trabalhar muito bem para ajudar ao acolhimento das pessoas. É muito difícil prever como vai ser a situação dentro de seis meses, um ano. Temos de ver como evolui o conflito, porque estamos a falar de mais de dois milhões de pessoas que estão a chegar, o acolhimento pode ter bastantes constrangimentos ao longo do tempo”, adverte.

O convidado diz sentir de Portugal “uma grande mobilização” para ajudar um povo que está a “sofrer tanto”.

Coughlin identifica, na Ucrânia, três grandes grupos-alvos na atuação da Cáritas: pessoas que fogem, pessoas em trânsito e pessoas presas nas caves das cidades, que não podem movimentar-se.

Foto: Lusa/EPA

“Estamos a tentar alcançar as pessoas que têm problemas. Pessoas mais velhas, pessoas com deficiência, pessoas com problemas de mobilidade. É esse o trabalho da Cáritas. Ir de casa em casa onde temos identificado pessoas que precisam de ajuda especial”, acrescenta.

O entrevistado destaca os desafios levantados pela guerra na Ucrânia, “um acontecimento muito repentino” e de grande escala, que exige “um trabalho de coordenação para assegurar que o trabalho é ágil e eficiente”.

John Coughlin alude ainda à importância do apoio psicossocial, de “acompanhar as crianças, os adultos que têm sofrido este trauma muito grande, nas suas vidas”.

“Não podemos perder a esperança”, conclui.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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