Falta de eletricidade e aquecimento são desafios para a organização católica, na ajuda às vítimas do conflito
Lisboa, 27 out 2022 (Ecclesia) – A crise provocada pela guerra na Ucrânia está a “piorar” e a situação vai agravar-se com a chegada do inverno, alertaram hoje responsáveis da Cáritas neste país, em declarações à Agência ECCLESIA.
Odarka Bordun, da Cáritas Ucrânia, destaca o impacto dos ataques russos com mísseis, “quase todos os dias”, e da destruição de quase 40% da rede elétrica, num momento em que se aproxima o inverno.
A instituição tem centros de distribuição de comida e bens de primeiro necessidade em 23 regiões, oferecendo abrigo a pessoas deslocadas internamente.
“As pessoas precisam de cobertores, de comida, de abrigo, porque não parece haver hipótese de passar o inverno nos territórios ocupados”, assinala.
A organização católica de solidariedade e ação humanitária assume a dificuldade de responder às necessidades de “quase 17 milhões de pessoas”, em situação de necessidade, um número que tende a aumentar.
“A situação na Ucrânia não está a melhorar, está até a piorar, as pessoas estão realmente a sofrer com a guerra e com as condições no país. Agradecemos por toda a ajuda que foi enviada e apelamos à solidariedade, que as pessoas nos ajudem agora e no futuro”, refere Odarka Bordun.
A responsável participa no Fórum de Comunicação da Cáritas Europa que decorre em Lisboa, até sexta-feira, reunindo cerca de 40 pessoas.
Mira Milavec, da Cáritas Spes, na Ucrânia, realça o impacto das falhas da rede elétrica no trabalho diário da organização, bem com as incertezas relativamente ao inverno, em particular na questão do aquecimento.
“Procuramos viver no momento. Nas áreas do Leste, tem havido muito mais ataques e bombardeamentos, nas últimas semanas, há pessoas a viver em situações dificílimas e é importante ajudá-las com roupas quentes, cobertores e aquecimento”, aponta.
A responsável sublinha a importância da solidariedade internacional neste contexto de conflito.
“É importante não estar sozinho, na guerra, é uma das piores que poderia acontecer. Pode haver quem se habitue à guerra, também entre nós, na Ucrânia, mas perante o inverno, com as incertezas em que vivemos, convidamos todos a ajudar, porque a guerra não acabou”, acrescenta Mira Milavec.
Dominika Chylewska, da Cáritas Polónia, recorda que desde 24 de fevereiro, início da invasão russa, a ajuda começou a centrar-se na fronteira, onde chegavam os refugiados, sendo agora necessário pensar em intervenções de “longo prazo”.
“A principal preocupação é com as pessoas que estão nos centros para migrantes e refugiados, abertos pela Cáritas. Antes da guerra tínhamos um e agora temos 32 destes centros, onde as pessoas chegam todos os dias, em busca de ajuda psicológica, assistência e informações para viver num novo país”, relata.
A responsável polaca assinala que muitas pessoas regressaram à Ucrânia, estando a Cáritas polaca empenhada em auxiliar essa população, desenvolvendo um programa específico de apoio às famílias afetadas pela guerra.
“Mesmo que a guerra acabasse amanhã, estas pessoas iriam precisar da nossa ajuda durante muitos anos”, conclui.
Sonia De Voght, da Cáritas Europa, fala do “enorme impacto” desta guerra no trabalho da instituição, vocacionada para acompanhar pessoas em “situação de vulnerabilidade e marginalização”.
“Há todo o contexto de crise energética, inflação, insegurança alimentar, que tem um grande impacto nesta população, colocando mais pessoas em situação de pobreza”, declara.
OC