Ucrânia: Comunidade migrante em Portugal segue situação com «muita apreensão» – Padre Natanael Mykola Harasym (c/vídeo)

Sacerdote ucraniano admite «angústia» perante cenário de conflito e espera que seja possível evitar nova guerra mundial

Foto: Lusa/EPA

Lisboa, 17 fev 2022 (Ecclesia) – O padre Natanael Mykola Harasym, capelão da Igreja Greco-Católica Ucraniana em Lisboa, disse que esta comunidade acompanha com “muita apreensão, com medo, mas também com fé”, o cenário de um possível conflito armado com a Rússia.

“Nós não queremos guerra, estamos a defender o nosso país. Há muita exploração, ‘fake news’, mas, no meio das toneladas de informação para enganar, vamos conseguir ultrapassar isso”, disse à Agência ECCLESIA.

A Ucrânia enfrenta uma crise no leste do país, com conflitos armados entre as forças de Kiev e separatistas pró-russos apoiados por Moscovo; a Rússia é acusada pelos países ocidentais de preparar uma invasão ao território ucraniano, depois de ter anexado a região da Crimeia há oito anos, em 2014.

Moscovo rejeita as acusações e critica o Ocidente por, alegadamente, procurar o alargamento da NATO até às suas fronteiras, exigindo o fim do reforço militar da Aliança Atlântica no leste europeu.

“A situação tem sinais de poder melhorar, mas o meu povo ucraniano, que é um povo sofredor, já passou por muito, por isso aquela resiliência, os anticorpos, vão-se criando, claro que não justifica a guerra”, assinalou o padre Natanael Mykola Harasym.

O sacerdote, que está há mais de 20 anos em Portugal, observa que “não há nenhum anticorpo que resista à morte”.

Segundo o capelão da Igreja Greco-Católica Ucraniana em Lisboa, os migrantes também estão com “muita apreensão, com medo”.

“A oração faz diferença. Às vezes, temos pouca fé na oração, Deus está distante, talvez não ouve, ou vemos Deus como uma varinha mágica, um faquir, para realizar os nossos bons desejos. Mas ele acompanha o seu povo nestes momentos de dificuldade, e o povo da Ucrânia não é exceção”, desenvolveu.

O padre Natanael Mykola Harasym refere que todos os dias rezam pela paz e essa intenção está presente em “todas as celebrações”, e associaram-se à jornada mundial de oração, convocada pelo Papa Francisco, no dia 26 de janeiro.

“O cristão não pode fomentar a guerra, não pode matar em nome de Cristo, mas ser cristão também é saber defender-se porque visa a integridade da pessoa humana, como Deus a criou, aqueles que se estão a defender e aqueles que atacam”, indicou, numa entrevista emitida hoje no Programa ECCLESIA (RTP 2).

Neste contexto, o entrevistado citou o núncio apostólico na Ucrânia, D. Visvaldas Kulbokas, que “observou tão bem”: “Quem promove a guerra não têm o direito de se chamar cristão”.

O padre Natanael Mykola Harasym observou que “ninguém tem o direito de tirar a soberania de um país”, e esperam que esta situação de conflito e ameaça “não chegue à tal terceira guerra mundial”.

O sacerdote, da região ocidental da Ucrânia, sente também a “angústia” destes tempos difíceis e revela que “todos os dias” contacta com a sua mãe, o irmão, a família, através do telefone e das redes socais.

Segundo o capelão da Igreja Greco-Católica Ucraniana em Lisboa, os ucranianos vão manifestar-se pela paz, no próximo domingo, em frente à Embaixada da Rússia, na capital portuguesa.

HM/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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