Ucrânia: Igreja Greco-Católica reafirma compromisso com a paz, o diálogo e apoio às populações

«Como cristãos, temos de dizer não à violência, não à ação militar» – D. Sviatoslav Shevchuk

Foto: Lusa/EPA

Lisboa, 08 fev 2022 (Ecclesia) – O arcebispo da Igreja Greco-Católica Ucraniana, D. Sviatoslav Shevchuk, afirmou que “com oração e o apoio internacional” podem dizer “não à violência, não à guerra”, incentivando ao diálogo, à cooperação e a solidariedade, numa iniciativa da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

“Com a oração e o apoio internacional, podemos dizer não à violência, não à guerra. Há uma nova idolatria da violência que surge em todo o mundo, e, como cristãos, temos de dizer não à violência, não à ação militar”, disse o responsável religioso, divulga a AIS na informação enviada hoje à Agência ECCLESIA.

O arcebispo da Igreja Greco-Católica Ucraniana afirmou que “o diálogo, a cooperação e a solidariedade” podem ajudar a “superar dificuldades e problemas no mundo de hoje”.

D. Sviatoslav Shevchuk alertou para a “grave crise humanitária” que existe na região de Donetsk e Luhansk, que a assistência é “difícil”, mas os sacerdotes permanecem com as pessoas “não vão fugir”, como ficaram na Crimeia, e são os “heróis” deste tempo.

“A maioria das pessoas da região de Donetsk e Luhansk tem mais de 65 anos e, hoje em dia, não podem receber as suas pensões. Estamos a enfrentar uma grave crise humanitária neste território, e a assistência está a tornar-se mais difícil. Os padres são mediadores únicos que podem viajar e levar alguns recursos”, explicou.

Neste contexto, realçou que para além da ameaça de um conflito armado, os ucranianos têm também uma crise económica cada vez mais grave, a desinformação e a propaganda, que se refere a desentendimentos entre as religiões, mas “ortodoxos, protestantes ou católicos”, estão “muito unidos no apoio ao povo”.

“Temos a mesma mensagem de paz. A união religiosa na Ucrânia é uma questão de segurança nacional, não há guerra religiosa na Ucrânia”, acrescentou.

Na mesa-redonda promovida pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, o núncio apostólico na Ucrânia também reafirmou a importância do compromisso da Igreja com as populações vítimas de um conflito que começou há oito anos.

O arcebispo Visvaldas Kulbokas referiu-se ao risco dos gestos serem manipulados e usados na guerra de propaganda, explicando que queria visitar Donetsk e Luhansk, mas isso “poderia ser indevidamente utilizado para propaganda ou ser visto como uma provocação”.

“De momento, adiei a visita [mas] sofro por causa disto porque eles estão completamente isolados”, acrescentou o representante do Papa na Ucrânia.

O secretariado português da AIS lembra que a fundação pontifícia apoia a Igreja ucraniana há várias décadas – na formação de cerca de nove centenas de seminaristas, na assistência material, financeira e espiritual junto dos membros das ordens religiosas que ajudam os mais pobres e ainda na manutenção e restauro de seminários, mosteiros e igrejas – e que vai continuar.

“Continuaremos a apoiar aqueles que ficam com o seu povo”, disse o presidente executivo internacional da Fundação AIS, Thomas Heine-Geldernm, no final da conferência realizada na sexta-feira, 4 de fevereiro.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o padre ucraniano Ivan Petliak, em serviço pastoral na Diocese de Setúbal, disse hoje que as comunidades acompanham com preocupação a realidade no seu país, que “não é só política”, e querem “resolver esta situação de modo diplomático”.

CB

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